Jovem friburguense é campeão mundial no World Pro Jiu-Jitsu, em Abu Dhabi
Cidade d’Ursins, em 2021, onde residiu a família de Jean Abram Frauches
Em agosto de 1821, o Príncipe regente autoriza os suíços a deixarem Nova Friburgo. João Abram Frauche migra para São Sebastião do Paraíba, em Cantagalo. Na vila é identificado como João Abrom Frauche, segundo pesquisa de Henrique Bon, inserta em seu livro Imigrantes ‒ A saga do primeiro movimento migratório organizado rumo ao Brasil às portas da Independência (Nova Friburgo, RJ: Imagem Virtual, 2ª Ed., 2004).
Na então Freguesia de São Sebastião do Paraíba João Abrom Frauche, em pouco tempo, já possuía terras, cultivava café e constituiu família numerosa.
O pesquisador Henrique Bon, em seu livro, registra que, em 30 de julho de 1832, João “Abrom” Frauche, adquire, “por 140.000 reis, nas vertentes do Paraíba, uma posse, ainda sem título legítimo, confrontando-se com Joseph Castella”, no distrito de São Sebastião do Paraíba. Por outro lado, venderia uma posse, “esta no ribeirão da Taquara, para Henri Joseph Cortat, pelo preço de 600.000 reis”. Ainda segundo Henrique Bon, em 1855, encontra-se Frauche, em São Sebastião do Paraíba, “regularizando através de registro a fazenda Boa Esperança, confrontando-se esta com Madeleine Folly, da firma Vial e Quartin, Marie Folly Curty e outros”. Em março de 1861, “venderá parte da mesma a Isidoro Deroche, por 900.000 reis”.¹
João Abrom Frauche casou-se, em São Sebastião do Paraíba, com a também imigrante suíça Anne Marie Lugon-Moulin, nascida em 5 de setembro de 1806. Ela chegou ao Brasil com a idade de 13 anos, enquanto Jean contava 17 anos. Quando se casaram, em 1824, estavam com 18 e 22 anos respectivamente.
Da união de João Abram Frauche com Anne-Marie Lugon-Moulin, segundo os registros de Henrique Bon², nasceram dez filhos, todos em Cantagalo: Carlos Frauches – nascido em 1830; faleceu em Cantagalo, aos 4 anos, em 23/4/1834, de uma “erisipela de cabeça”; Carlos Frauches – nascido em 3/7/1839, casado com Olimpia Cardoso de Mello, filha de João Cardoso de Mello e Maria Cosendey; Francisca Frauches – casada em 4/12/1850, com Paulino José da Silveira, português do bispado do Porto; João Frauches – casado, em 4/2/1864, em Cantagalo, com Maria Bapst, filha de Jean Joseph Bapst e Josefina Bussard; Maria Frauches – nascida em 2/2/1841, casada, em 16/11/1860, com Charles Vincent Cosandey, também imigrante suíço, chegado ao Brasil em 1833; Joanna Frauches – nascida em maio de 1843, casou-se em Cantagalo, em 5/10/1861, com Henri Periard, filho de Joseph Henri Periard e Marie Folly, imigrantes que chegaram ao Brasil em 1833; Maria Luiza Frauches, nascida em 1844; Florentina Frauches, batizada em Cantagalo aos 8/4/1844. Casou-se com Henrique Clemente Vollu (Volluz) filho do suíço de Valais, Pierre Benjamin Volluz e Virginia Lovey; José Claudio Frauches, casado, em Cantagalo, em 3/2/1864, com Theodora Eccard (Eckhardt), filha de Luiz Henrique Eccard e Maria Lucrecia Adelia (não há registro de sobrenome), neta do alemão de Hanau, Bernard Adolph Eckhardt; Antonio Frauches, nascido em 16 de janeiro de 1854.
Posteriormente, foi identificado outro filho: Fernando Eduardo Henrique Frauche, casado em 28/5/1862, com Maria de Souza Godinho, filha de Luiz de Souza Godinho e Maria da Glória Rodrigues.
Segundo informações do médico Fabiano Bianchi, nascido em Cachoeiro do Itapemirim (ES) e residente em Itaperuna (RJ), sua avó, Maria Frauches, identifica, ainda, os seguintes filhos de João Abrom Frauche: Dionísio Frauches, casado com Maria Florentina de Lima, com onze filhos, entre os quais, Agaleodório Frauches, nascido em 17/1/1904, casado com Enedina Periard, filha de Lauriano Periard e Francisca Musy; José Frauches (Zeca Frauches); e Honório Frauches (possivelmente o caçula).
José Fernandes Frauches Filho informa mais um filho de João Abram Frauche: Fernandes Henrique Frauches, pai de Emílio Fernandes Frauches, avô de José Fernandes Frauches e bisavô de José Fernandes Frauches Filho.
Registre-se que os Frauches passaram a fazer parte de outras famílias oriundas da Colônia Nova Friburgo, mediante casamentos dos filhos de João Abrom Frauche: Bapst, Bard, Bussard, Cosendey, Eccard (Eckhardt), Folly, Hanau, Ignat, Lovey, Lugon, Lugon-Moulin, Musy, Periard e Vollu (Volluz).
Dos imigrantes portugueses, as famílias: Godinho, Leite, Lima, Mello, Rodrigues e Silveira.
Os filhos de João Abram Frauche foram registrados com o sobrenome Frauches e os descendentes destes tiveram o sobrenome voltado ao original Frauche, mantido o Frauches ou alterado para Franche, Franches, Frauch, Franch, Frouch, Flauche… Todos esses são, portanto, descendentes legítimos de Jean Abram Frauche, o nosso patriarca João Abram Frauche. Essa variedade na grafia do sobrenome de nosso Patriarca – FRAUCHE – é devida, naturalmente, à “criatividade” de nossos escribas nas igrejas, nos cartórios e na mídia da época.
Até o final do século 19, os Frauches participavam ativamente da vida social, religiosa e econômica da Freguesia de São Sebastião do Paraíba. O periódico Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial da Corte e Província do Rio de Janeiro , do Rio de Janeiro, entre 1873 e 1899, noticia diversas atividades de alguns Frauches como lavradores, proprietários de terras ou negociantes em São Sebastião do Paraíba, mas sempre com a grafia do Frauche alterada para Frauches, Franche, Franches, Franch, Frauch ou Frouch.
A Gazeta de Notícias, da província do Rio de Janeiro, noticia, na edição de quinta-feira, 5 de abril de 1894, que a festa dedicada ao “Martyr S. Sebastião”, na vila de São Sebastião do Paraíba, em Cantagalo, “será realizada no dia 3 de junho”, por motivos extraordinários. Na composição da comissão dos festejos – “comissão de senhoras que hão de auxiliar e dirigir as ladainhas” -, encontramos os seguintes membros de nossa família, com o sobrenome grafado “Franches”, todos descendentes de João Abrom Frauche: Adelaide Aragon Franches, Amelia Franches, Anna Franches, Antonia Franches, Elvira Curty Franches, Eugenia Curty Franches, Joana Franches, Julia Curty Franches, Luiza Franches, Maria Bard Franches, Maria Ignat Franches, Maria Senhorinha Franches Leite, Olympia Franches, Rufina Franches, Theodora Franches e Virginia Franches.
João Abram Frauche faleceu em São Sebastião do Paraíba, sendo seu corpo sepultado no cemitério da Vila, em 6 de junho de 1875, com o nome de João Abrom Frauche. O “Abrom” foi adotado por ele ou fruto de alteração introduzida pelos escribas e pelo profissional que elaborou a placa da sepultura.
A partir de 1910 não encontramos o registro de nenhum descendente de João Abrom Frauches residindo em Cantagalo. Migraram para o Rio de Janeiro, a região dos lagos, o norte fluminense, o sul do Espírito Santo e o leste de Minas Gerais. Hoje são encontrados em vários municípios espalhados pelo Brasil continental.
NOTA
Se o leitor se interessar pelo assunto pode baixar, gratuitamente, o e-book A SAGA DE JEAN ABRAM FRAUCHE ‒ De Ursins (VD), Suíça, a São Sebastião do Paraíba (RJ), Brasil, no seguinte endereço eletrônico: https://www.frauches.com.br.
Celso Frauches é professor, escritor, pesquisador, ex-secretário Municipal de Cantagalo e consultor Especialista em Legislação
Fontes:
- BON, 2004, p. 450.
- BON, 2004, págs. 449 e 451.
- Disponível em: <http://bndigital.bn.br/hemeroteca-digital/>. Acesso em: 14 jan. 2016.
2 Comentários
Adelaide Frauchs (assim está no documento localizado) faleceu na década de 1960, em São Sebastião do Paraíba. Casou-se, provavelmente nos anos finais dos anos 1880, com Carlos Graeff.
Bom dia
Sou uma descendendente de João Abrahm Frauches, da parte dos Periard. Joanna Abranhm Frauches casou-se com henry Periard e entre os filhos , nasceu meu bisavô, Alfredo Periard, ele se casou com Angelina de Jesus Periard, no qual tiveram dois filhos, minha avó zelina Periard, casou-se com Manoel José
Martins, tiveram dois filhos, meu pai, jair José Martins e meu tio Aracy Martins. Gostaria de saber mais um pouco da família Periard, sei que chegaram mais tarde em relação aos Frauches.