Obras avançam em Cordeiro e Sistema Pare e Siga continua na RJ 116
Jesus Cristo nasceu. Celebremos. 25 de dezembro não é exatamente o nascimento do Cristo, mas Papa Julius, no século IV, assim quis estabelecer para uma justa comemoração.
Para uns, o Natal é sinônimo de alegria, mesa farta, confraternização e boas risadas. Família reunida para falar amenidades, dançar, orar e rever os parentes que, ao longo do ano, não estiveram tão próximos. Enfeitam de maneira impecável a árvore de Natal e reúnem-se para o amigo oculto.
Em contrapartida, para outros, a data não é tão alegre assim. Diz o canto natalino: “Como é que Papai Noel, não se esquece de ninguém, seja rico, seja pobre, o velhinho sempre vem...”
Será que vem mesmo? O muro entre a fartura de uns e a miséria de outros ainda é gigantesco. A imposição cultural força aos pais algum presente à sua prole; parcelamentos, dívidas, o bendito IPVA, o vindouro IPTU, MEI, matrículas escolares e outros sufocos no tempo do décimo segundo mês. Isso para os que ainda têm condição de utilizar o cartão de crédito. E os problemas são ainda maiores pela obrigação da felicidade pré-janeiro. É Natal, seja feliz.
Às vésperas, relembramos com quem gostaríamos de passar a ceia e observamos o retrovisor da vida no ano que passou. Isso pode ser fatal para muitas pessoas. Estudos alertam, por exemplo, para o índice de suicídio no sistema carcerário nestes tempos. Psicólogos também são contundentes para que o respeito ao não alheio (diante daquele convidado que não estar presente) faça-se com gentileza.
Jesus Cristo foi um homem nobre. Deixou ensinamentos sólidos, que ultrapassam as fronteiras da religião. “Amai ao próximo!” – disse. “Perdoe 70 vezes 7. Tenha braços alongados para ajudar os que precisam.”
Somos capazes de nos lembrar das pessoas para as quais o Natal talvez não seja tão feliz assim? Clarice Lispector perguntou a uma amiga o que fazia: “Tomo umas pílulas que me fazem dormir por 48 horas, por ser essa data muito dolorosa para mim.” – foi a resposta. A partir de então, passaram o 24/25 juntas, para quebrar esse protocolo.
Padre Júlio Lancelloti dedica sua vida, até hoje, a ajudar moradores de rua. Ama-os, como Jesus ensinou. É verdade que Cristo nunca pregou presentes supérfluos parcelados em 12 vezes no cartão, que serão inutilizados em, no máximo, seis meses.
Talvez este dia que está prestes a chegar não fosse triste para muitos, se nos preparássemos para doar palavra de afeto, convidar à mesa os que estão solitários e praticar os ensinamentos do Mestre, filho de Maria.
Recentemente, minha amiga disse: “Neste ano, irei convidar o Padre do bairro para cear com a minha família. Ele passa essa noite sozinho.” Eu, com a dor da consciência de jamais ter feito esse convite a um pároco, fui tocada.
Repensei atos e, ali, num instante mágico, pensei se eu seria realmente uma boa cristã, diante de tantos privilégios a que me foram dados. Respondi à amiga: “Jamais tive essa grandeza!” Paciência. Tenho ainda algumas miopias.
Apesar de tudo, estendo a proposta e pergunto-lhe: quem você convidaria para partilhar o espírito natalino, mesmo que esse alguém fosse de outra religião, de outro time e não tivesse apoiado o seu candidato preferido?