Prefeitos se reúnem para impedir a construção de presídio em Conceição de Macabu
A mulher, sempre valente,
Enfrenta as dores da vida
Não desiste, segue em frente,
Mantém a cabeça erguida!
Falar de uma mulher, mãe, esposa, educadora, é falar de gente valente, guerreira, paciente, sábia, persistente. E vamos falar, hoje, de uma mulher assim, vinda de uma família grande, tradicional, do interior, e que formou também uma bela família. Ela é a querida FANY PINHEIRO TEIXEIRA ABRAHIM, a mulher que inspirou a trova acima, de Angela Araújo.
Ela nasceu na família de Dr. Francisco Leite Teixeira, nascido em 1886, em Volta Grande–MG, farmacêutico, diplomado, aos dezenove anos, pela tradicional Escola de Medicina e Farmácia do Rio de Janeiro, profissão que exerceu até se diplomar em Direito, em 1918, pela Faculdade Livre de Direito do Rio de Janeiro. Mas continuou a exercer a profissão original, em Santa Rita da Floresta, 2º distrito de Cantagalo, onde viveu por vinte anos.
Casou-se, em 1916, com Emília de Souza Teixeira, com a qual teve quatro filhos: Winter, Wenir, Waina e Weser.
Em segundas núpcias, teve como esposa Francisca Pinheiro Teixeira. Com ela teve nove filhos: Líame, Líbero (Bibinho), Fany, Francisco (Chico), Ceres, Ormy, Terezinha, Rui e Maria Lídice (Lidinha). Todos foram destaque em suas atividades em Cantagalo. Fany, aposentada como professora, está ativa, aos 89 anos, vivendo em nossa cidade, cercada de filhos, netos, bisnetos e amigos.
Fany Pinheiro Teixeira Abrahim nasceu em Santa Rita da Floresta, em 25 de junho de 1934. Casou-se, em 1951, com o pecuarista cantagalense Amélio Abrahim, falecido em 2001. Desse matrimônio, tiveram quatro filhos: Mauro, Mariza, Maíse e Marília.
Concluiu o curso o primário no Grupo Escolar Lameira de Andrade e o 2º Grau (ensino médio) no antigo Colégio Euclides da Cunha, que funcionava no centro de Cantagalo. Cursou Pedagogia nas Faculdades Integradas Augusto Motta, na cidade do Rio de Janeiro. Diplomada, fez especializações nas áreas de Administração Escolar, Supervisão Escolar e Orientação Pedagógica.
Exerceu a profissão de professora e dirigente de Pré-Escola, Coordenação Pedagógica e professora do curso de Formação de Professores para o ensino de 1ª a 4ª série do Ensino Fundamental, antigo curso Primário.
No ano de 1980, coordenou, com pleno êxito, a implementação do MOBRAL (Movimento Brasileiro de Alfabetização de Jovens e Adultos) na cidade de Cantagalo, curso este de fundamental importância social, com o objetivo de erradicar o analfabetismo dos jovens e adultos do município.
Foi membro da Academia Cantagalense de Letras, ocupando a cadeira da inesquecível irmã Líame Teixeira de Carvalho. Participou do Movimento Rotariano de Cantagalo.
Em 1980, foi nomeada, pelo governador do antigo Estado do Rio, para exercer o cargo de diretora da Casa de Euclides da Cunha, onde permaneceu até se aposentar. Foram cerca de vinte anos dedicados à cultura em Cantagalo. Uma jornada difícil, tendo em vista as dificuldades encontradas no mundo oficial em relação aos serviços culturais.
De personalidade marcante, Fany Abrahím revela dons que só os fortes, os sensíveis, os que passam pela vida trocando e doando experiências dignas de um mestre podem oferecer à sociedade. Sua trajetória profissional caminha lado a lado com os ensejos de uma mulher corajosa e determinada da sua época. Seus desejos, suas vontades vencem barreiras e preconceitos.
Seu reconhecimento profissional foi reflexo de um trabalho desenvolvido com seriedade e muita competência.
Em sua gestão, a Casa de Euclides da Cunha foi brilhante, com muitas atividades, conferências, palestras, concursos de trovas e de poesia, visitas ilustres, sempre aberta a estudantes e professores, uma excelente biblioteca, uma perfeita interação com a comunidade de Cantagalo.
A professora Fany Abrahim sempre se mostrou à frente da cultura cantagalense. Os seus reais atributos e qualidades foram fartamente documentados pelo seu dinamismo à frente da Casa de Euclides da Cunha − o imortal cantagalense de Os Sertões −, em parceria com os mais diversos setores municipais e estaduais que envolveram o seu funcionamento. Outra marca registrada da professora Fany foi a bela amizade com a família de Euclides da Cunha que lhe facultou momentos emocionantes de cooperação e fraternidade.
Sua personalidade marcante e vontade firme, em prol da cultura de nossa terra, fez com que Fany permanecesse como diretora da Casa de Euclides da Cunha por tão longo período nesse cargo de confiança da Secretaria Estadual de Cultura Anita Mantuano.
Entre os maiores feitos no desenvolvimento do seu trabalho, mencionamos o traslado do encéfalo do imortal escritor cantagalense para a terra natal, onde até hoje se encontra e é motivo de atração para todos que visitam a Casa de Euclides da Cunha. O empenho de Fany junto aos familiares do escritor foi uma formidável conquista para todos os cantagalenses.
A professora Fany Abrahim tem uma prole de quatro filhos, doze netos, dezessete bisnetos e uma tataraneta, os quais são os seus melhores amigos e motivo do maior orgulho.
A professora Fany Abrahim realizou e fez crescer feitos em benefício da Educação e Cultura de nossa terra com trabalhos que marcaram para sempre nossa memória. Tem um lastro de grandes amizades em torno dela e seus familiares, o que a faz uma pessoa feliz e realizada. Um orgulho para Cantagalo.
A Casa de Euclides da Cunha foi criada pelo governo do estado do Rio de Janeiro em 1965 em homenagem ao escritor, jornalista e engenheiro Euclydes Rodrigues Pimenta da Cunha, nascido em Santa Rita do Rio Negro, distrito do município de Cantagalo–RJ. Infelizmente esteve fechada por cerca de doze anos, por incúria da Funarj, que administra os museus mantidos pelo governo fluminense.
O acervo é formado por reproduções de documentos, livros, desenhos e objetos ligados à vida e obra de Euclides, além da primeira edição dos livros Os Sertões e Contrastes e Confrontos e o encéfalo do escritor cantagalense.
Para fechar este artigo, vou brindar nossa homenageada com trova de Angela Araújo, que foi considerada hors concours num concurso de trovas que Fany promoveu na Casa de Euclides da Cunha, em agosto de 1980, em cujo júri constava nossa melhor poetisa, Amélia Thomaz:
Euclides − o teu estilo
Se reflete nesta imagem:
É um cipó retorcido
Em meio a densa folhagem.