“Páscoa (parte 2)”, por Dr Júlio Carvalho

O que é a Páscoa? Para muitos é apenas um dia festivo, em que se deve comer e beber bastante, distribuindo chocolate e coelhinhos para as crianças; todavia a Páscoa é muito mais do que comidas, bebidas e presentes. É uma festa, talvez, das mais antigas da humanidade, com mais de cinco mil anos.

Quando os hebreus eram pastores nômades, comemoravam a chegada da primavera com uma festa que marcava o período da fertilidade de suas ovelhas com o nascimento de novos cordeirinhos. Mais tarde, depois de passarem cerca de 400 anos no Egito, os judeus que eram tratados como escravos, se rebelaram sob o comando de Moisés, inspirado por Deus, para conseguirem sua libertação e retorno à Terra Prometida.

Jerusalém
Jerusalém

Antes da realização da 10ª praga do Egito (morte dos primogênitos), Deus determinou que os judeus assim procedessem: “Moisés convocou todos os anciãos de Israel e disse-lhes: “Ide e escolhei um cordeiro por família, e imolai a Páscoa. Depois disso, tomareis um feixe de hissopo, o ensopareis no sangue que estiver na bacia e aspergireis com esse sangue a moldura e as duas ombreiras da porta. Nenhum de vos transporá o limiar de sua casa até pela manhã. Quando o Senhor passar para ferir o Egito, vendo o sangue sobre a moldura e sobre os dois umbrais da porta, passará adiante e não permitirá ao destruidor entrar em vossas casas para ferir. Observareis esse costume como uma instituição perpétua para vos e para vossos filhos” (Ex. 12, 21-24).

Estava, assim, criada a Pessach (Passagem), festa religiosa para o povo judeu, comemorada até hoje, simbolizando a passagem do Mar Vermelho, do deserto e da escravidão para a liberdade na Terra Prometida, quando inúmeros cordeiros são imolados pela liberdade.

Santa Ceia
Santa Ceia

Jesus, sendo judeu, estava em Jerusalém onde comemorou a Páscoa com seus amigos, instituindo na sua última ceia a primeira Eucaristia, “durante a refeição, Jesus tomou o pão, benzeu-o, partiu-o e o deu aos discípulos, dizendo: ‘Tomai e comei, isto é o meu corpo’. Tomou depois o cálice, rendeu graças e deu-lhes, dizendo: ‘Bebei dele todos, porque é o meu sangue, o sangue da Nova Aliança, derramado por muitos homens'”. A seguir foi preso, flagelado pelos romanos, esbofeteado por um guarda do sinédrio, coroado de espinhos, debochado por Herodes Antipas, condenado pela omissão de Pilatos, morto e sepultado, mas, no terceiro dia ressuscitou; portanto, naquele momento, estava criada a Páscoa do Cristianismo, que significa a passagem da morte para vida, dos pecados humanos para o arrependimento e o perdão. Estava criada a Páscoa Cristã e Cristo foi o Cordeiro Imolado na nossa Páscoa!

A Páscoa Católica é uma festa móvel. No século IV d.C., em 325, no Concílio de Nicéia, ficou estabelecido que seria sempre no 1º domingo após a 1ª lua cheia da primavera, no hemisfério norte.

Em algumas vezes, a Páscoa dos Israelitas e a Páscoa Cristã coincidem; esse ano a coincidência foi ainda maior, pois as duas coincidiram com o Ramadã dos Mulçumanos, portanto as grandes datas religiosas das três religiões monoteístas coincidiram. Infelizmente, em Jerusalém, houve choques violentos entre judeus e mulçumanos com centena de feridos e alguns mortos.

Júlio Carvalho é médico e ex-vereador em Cantagalo.
Júlio Carvalho é médico e ex-vereador em Cantagalo.

Aproveitando a coincidência, liguei para um colega de turma e meu amigo há 67 anos, Dr. José Miguel Nigri, tijucano desde que nasceu. Ficou felicíssimo, retribuiu as felicitações pascais e conversamos bastante. Afinal, como disse certa vez São João XXIII: “Os judeus são nossos irmãos mais velhos”. Não se pode esquecer que Jesus Cristo e os primeiros seguidores do Mestre eram, também, judeus. Acima de tudo as religiões pregam a paz entre os seres humanos.

Sem dúvida a Ressurreição de Jesus é o momento mais sublime do cristianismo, a ponto do apóstolo Paulo haver escrito: “ Se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e também é vã a nossa fé” (I Cor. 15.14). Que significa, se não houve a ressurreição tudo é falso.

Que o espírito da Páscoa esteja e permaneça em cada residência durante todo o ano e que signifique a passagem do mal para o bem, do erro para o acerto, prevalecendo em todos os relacionamentos humanos para um mundo melhor hoje, amanhã e sempre, pleno de paz, saúde e alegrias.

Júlio Carvalho é médico, ex-vereador e ex-provedor do Hospital de Cantagalo, e atualmente é auditor da Unimed de Nova Friburgo.

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