Pedro Motta viaja pelo mundo

Pedro Motta viaja pelo mundo

Pedro Motta viaja pelo mundo

Pedro Motta passou sua infância em Boa Sorte, mas, agora, já rodou o mundo. Pedro é filho de Margareth Vidal e Antonio Maurício Amorim da Motta. A sua mãe é natural de Boa Sorte. Atualmente, Pedro Motta está em Svalbard, trabalhando como guia de turismo da história do arquipélago e dos assentamentos russos mais ao Norte do Planeta, perto do Polo Norte: Barentsburg e Pyramiden.

Numa entrevista exclusiva ao JORNAL DA REGIÃO, através da internet, via WhatsApp, ele contou detalhes de como vive e o que faz.

– JORNAL DA REGIÃO – Quando surgiu a ideia de viajar pelo mundo?

– Pedro Motta – Eu nunca pensei em viajar para fora do Brasil, pensei que não fosse para mim, porque eu só falava português e um inglês bem básico e achava que era caro. Mas, enquanto estava fazendo faculdade de Engenharia de Produção, muitos dos meus colegas de classe fizeram intercâmbio para diferentes países e eu aproveitei uma parceria da minha universidade, UFF (Niterói), com a Universidade do Porto (Portugal), e estudei um semestre lá. Durante aquele período, aproveitei os finais de semanas e feriados para viajar com os voos de baixo custo. Cheguei a pagar € 1 por passagem de ônibus para outros países, e € 2 na promoção de Black Friday da Ryanair. Durante aquele período, viajei por 18 países na Europa, Marrocos, Rússia e Turquia, quase sempre sem pagar por acomodação, através de amigos ou por CouchSurfing.

A partir daí, me encantei por viajar. Voltei ao Brasil e fiz um intercâmbio de voluntariado no Peru, onde aprendi espanhol, outro intercâmbio com refugiados em Roma, onde aprendi italiano, e voltei novamente ao Brasil para buscar uma forma de trabalhar online para poder continuar viajando. Trabalhei com marketing digital como afiliado digital (vendedor online) e também tive uma empresa de produtos naturais, onde importava produtos, que vendia online.

 

Pedro Motta viaja pelo mundo

 

– JORNAL DA REGIÃO – Quem são seus pais e parentes na região? De onde são?

– Pedro Motta – Meu pai nasceu no Rio de Janeiro, e passava férias em Boa Sorte, Cantagalo, onde conheceu minha mãe e onde passei a maior parte dos meus finais de semanas e todas as minhas férias, quando criança e adolescente. Toda a família da minha mãe continua morando lá. Tenho várias histórias me aventurando com meu tio Júlio Vidal, minhas primas e amigos (e até aparecemos no Jornal da Região ao visitar uma gruta). Uma vez fui atropelado por uma vaca, quando eu tinha 3 anos, outra vez minha bicicleta perdeu o freio na pirambeira, já passei o dia no Balneário Vale Dourado, fiz fogueira na pracinha de Boa Sorte e ateei fogo, sem querer, no sítio de Tio Perlinho. Também fui todos os anos nas exposições agropecuárias da região.

 

Pedro Motta viaja pelo mundo

– JORNAL DA REGIÃO – Como enfrentou o período da pandemia?

– Pedro Motta – Durante a pandemia, tive que fechar a empresa e demitir 12 pessoas. Assim que as restrições do Covid terminaram, comprei um voo para a África do Sul. Três dias antes de ir, eu ainda não tinha lugar para ficar, nem sabia o que eu faria lá, mas queria melhorar meu nível de inglês. No meu terceiro dia lá, furtaram minha carteira, celular e até minha roupa. Por sorte, consegui um voluntariado em um hostel, que me permitiu ficar lá por 3 meses sem pagar por acomodação e parte da alimentação. Neste hostel, muitos hóspedes estavam fazendo curso para trabalhar embarcado e, ao invés de fazer um safári como meu presente de aniversário de 30 anos, decidi fazer o curso, e fui para Europa procurar emprego. Me voluntariei em diferentes lugares para não gastar com acomodação e comida, como em hostel e fazenda na Itália e um castelo na França, até que consegui trabalho em um cruzeiro. Trabalhei desde chef de cozinha na Suíça a camareiro e mestre de lavanderia na Alemanha.

 

Pedro Motta viaja pelo mundo

 

– JORNAL DA REGIÃO – E a volta ao mundo, como foi isso?

– Pedro Motta – Depois resolvi dar uma volta ao mundo, começando e terminando em Roma, passando pelo Sinai (Egito), EUA, Caribe, América Central. Passei meu aniversário de 31 anos retirado meditando em um mosteiro budista no Sri Lanka. Foram um total de 6 meses entre Sri Lanka, Índia e Nepal, até voltar, pelo Chipre, para Roma, de onde fui morar em Jerusalém, trabalhando desde barman a servidor de café da manhã. Também trabalhei em uma agência de viagens, que me permitiu fazer 13 tours por todo Israel, Palestina e fronteira de Gaza. Vivi intensamente todos os dias lá, cruzei por terra para a Jordânia 3 dias antes da guerra, e fiz muitas amizades, tanto com palestinos quanto com judeus. Consegui um voo econômico para Tromsø, no Norte da Noruega, e fiz um voluntariado por 2 semanas para não pagar por acomodação. Depois, minha ideia era seguir viajando, mas consegui emprego no meu segundo dia, e acabei ficando 3 meses trabalhando como guia do safári de baleias e orcas, e também de auroras boreais.

 

Pedro Motta viaja pelo mundo

 

– JORNAL DA REGIÃO – Em que país está atualmente?

– Pedro Motta – Depois recebi um convite para os Emirados Árabes, e consegui um trabalho em Svalbard, onde estou atualmente, trabalhando como guia de turismo da história de Svalbard e dos assentamentos russos mais ao Norte do Planeta, perto do Polo Norte: Barentsburg e Pyramiden. Passei meu aniversário de 32 anos fazendo trilha de montanha e sauna, com temperatura de -31 °C, mas sensação térmica de -39 °C, devido ao vento. Sou o primeiro brasileiro a morar nestes assentamentos com russos, ucranianos, renas, raposas-do-ártico e ursos polares.

– JORNAL DA REGIÃO – Você trabalha quando viaja para estas localidades fazendo o quê? É verdade que fala várias línguas?

– Pedro Motta – Trabalhar como engenheiro exigiria revalidar meu diploma no país escolhido, seguir uma carreira de anos… Não é o que busco no momento. Trabalho no setor de turismo é bem mais fácil de conseguir em qualquer lugar, e eu amo conhecer pessoas de diferentes lugares do mundo. Falo o básico de diferentes línguas só mesmo para ganhar um sorriso e espalhar boa energia por onde passo…

 

Pedro Motta viaja pelo mundo

 

– JORNAL DA REGIÃO – Conte uma das experiências curiosa que já viveu.

– Pedro Motta – Tive boas e más experiências em diferentes lugares. A Índia, por exemplo, todo dia eu a amava e a odiava (todo dia, literalmente). Tive intoxicação alimentar 3 ou 4 vezes. Uma vez, tive diarreia no meio da estrada, quando o ônibus quebrou e passei a madrugada lá. Também quase morri com malária, tive febre por 11 dias e alucinações… Mas vivenciei experiências únicas, aprendi algo sobre budismo, hinduísmo, islamismo, sikhismo e jainismo, o que instigou ainda mais a minha busca por desenvolvimento espiritual. Em um momento, gravaram um documentário comigo na Caxemira, que viralizou no primeiro dia, e recebi centenas de convites (literalmente), e as pessoas me chamavam pelo nome nos transportes públicos ou nas ruas.

 

Pedro Motta viaja pelo mundo

– JORNAL DA REGIÃO – Quando planeja voltar ao Brasil?

– Pedro Motta – Faz 2 anos que estou nômade e não vou ao Brasil. Ainda não sei quando irei, ainda quero desbravar a África e Ásia. Por enquanto visitei 40 países, e pretendo seguir viajando pelos próximos anos. Espero que consiga viajar um pouco com meus pais neste ano. Agora estou me organizando para visitar a China e cruzar a África por terra durante 1 ano, mas prefiro estar flexível e aproveitar as oportunidades. Eu sequer conhecia Svalbard antes de trabalhar na Noruega, e agora estou morando aqui…

– JORNAL DA REGIÃO – Por que decidiu viajar pelo mundo?

– Pedro Motta – Eu era muito tímido até meus 20 e poucos anos, e não tinha coragem nem conhecimento para viajar sozinho para diferentes países, culturas, línguas, moedas… E também achava que isso era somente para ricos. Viajar em outros países pode ser caro, e é claro que depende do custo de cada país, mas sou frugal e vivo como os locais vivem. Na Noruega, por exemplo, eu quase não gastei com alimentação e comia bacalhau todos os dias, que recebia grátis dos turistas, que pescavam durante os passeios.

 

Pedro Motta viaja pelo mundo

– JORNAL DA REGIÃO – É muito caro viver assim?

– Pedro Motta – Em 6 meses na Ásia, gastei R$ 9.800 incluindo tudo. Tem gente que gasta isso para viajar para outro Estado do Brasil, ou para comprar bens materiais… Viajar ou fazer um intercâmbio fora do país é para qualquer pessoa que queira, tudo na vida é questão de prioridade. Até para aprender um idioma diferente não é necessário gastar dinheiro, hoje em dia, com a internet. Geralmente procuro trabalhar em países caros, e viajar em países baratos. Para trabalhar em cruzeiros, por exemplo, nem é necessário ter visto de trabalho em outro país, e dá para juntar uns R$ 10.000 por mês. Conseguir o trabalho, e o próprio trabalho em si, podem não ser fáceis, mas como experiência de vida, vale a pena o esforço, pelo menos por uns meses…

 

Pedro Motta viaja pelo mundo

– JORNAL DA REGIÃO – Como as pessoas comentam suas viagens?

– Pedro Motta – Tem gente que me pergunta por que eu não viro blogueiro ou instagramer, mas por enquanto estou viajando só para mim mesmo. Fico feliz em inspirar outras pessoas que encontro pelo caminho a abrir a mente para novas possibilidades, e reduzir seus medos de realizar seus sonhos. Compartilho alguns registros, de vez em quando, no meu Instagram, @mottaspedro, e Facebook, Pedro Motta.

– JORNAL DA REGIÃO – Quantos anos tem? É casado ou solteiro?

– Pedro Motta – Por enquanto estou solteiro, mas quem sabe no futuro terei família. Então, pouco a pouco vou entendendo melhor o mundo e como pessoas em diferentes culturas pensam e vivem. Aí poderei educar meus filhos e outras crianças para serem cidadãos globais, serem capazes de decidir suas próprias jornadas com diferentes possibilidades e, quem sabe, mudarem um pouquinho o mundo para melhor!

 

Ver anterior

FriOnline inaugura loja em Cantagalo

Ver próximo

Auto Escola Dutião será reinaugurada em Bom Jardim

Comente

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Mais Populares

error: Conteúdo protegido !!