Coletivo apresenta principais reivindicações aos candidatos a prefeito de Nova Friburgo
Júlio Carvalho 
Finalmente, no dia 27 último, foi inaugurada a Policlínica de Cantagalo, ao lado do Hospital de Cantagalo, depois da realização de uma obra que se arrastou por dez anos.
Iniciado no governo do Prefeito Saulo Domingues Gouvêa, em convênio com o programa estadual Somando Forças, a obra teve início a todo vapor. Todavia, no início do governo de Guga de Paula, obstáculos de ordem burocrática surgiram, não permitindo o governo do estado do Rio de Janeiro que a obra fosse concluída com recursos próprios do município de Cantagalo, chegando-se a um acordo somente com a mudança do governador do nosso estado.
O terreno foi comprado pela PMC ao Hospital de Cantagalo, havendo no local um antigo imóvel construído pela Casa de Caridade de Cantagalo, na administração do Sr. Diavolasse de Oliveira Reis (Sr. Zinho Barbeiro), com verbas federais, onde foi instalado um serviço de puericultura, com distribuição de leite às crianças carentes.
Posteriormente, sediou, durante muitos anos, o Posto de Saúde de Cantagalo e, a seguir, o SPA da Previdência Social, utilizados a custo zero, uma vez que o Hospital de Cantagalo, no intuito de cuidar da saúde do nosso povo, jamais cobrou aluguéis, mantendo vivo o espírito das lojas maçônicas Ceres e Confraternidade Beneficente de Cantagalo ao criar o hospital, em 1873.
A obra, cujo projeto foi de autoria do arquiteto cantagalense Marcelo Neder Pinto, custou R$ 1.348.254,21; com R$ 488.046,39 dos cofres estaduais; R$ 821.207,82 de recursos próprios do município e R$ 39.000,00 do Ministério da Saúde (PAB). O imóvel, bastante moderno, possui amplos consultórios e salas de espera confortáveis, todos dotados de aparelhos de ar condicionado.
No andar inferior, funcionará a Policlínica Wilder Sebastião de Paula, duas vezes Prefeito de Cantagalo, que criou a Secretaria Municipal de Saúde, cujo primeiro titular foi o farmacêutico Dalton Ivo Muzzy, que, no dia da inauguração dessa obra, tão importante para a comunidade cantagalense, completava 82 anos de idade.
A denominação da policlínica resultou de uma indicação da atual vice-prefeita Manuela, quando vereadora, representante do distrito de São Sebastião do Paraíba, eleita com excelente votação de 1.001 eleitores.
No andar superior, será instalado o Serviço da Saúde da Família Dr. João Nicolao Guzzo, que antes funcionava em um prédio alugado na rua Ver. Francisco Eugênio Vieira.
Na véspera da inauguração, quando pesada chuva caía sobre Cantagalo, o prefeito Guga de Paula ligou-me pedindo para que falasse em seu nome, pois seria traído, provavelmente, pela emoção ao inaugurar a policlínica com nome do seu saudoso pai.
Não vou aqui repetir o discurso, citarei apenas alguns tópicos, que considero os principais:
“Não gosto de falar em nome de outra pessoa, pois, em virtude da individualidade humana, as ideias e os conceitos não são harmônicos. Todavia, não podia deixar de atender o pedido não do prefeito, mas do meu único sobrinho, filho da minha única irmã, Hebe, que eu tanto amei durante sua vida e que tanto me ajudou com sua bondade”.
“No livro Terra de Cantagalo, do ex-prefeito Acácio Ferreira Dias, volume II, encontramos 19 páginas sobre a primeira administração de Wilder S. de Paula e uma relação de 77 obras realizadas no período de 1977 a 1982.
Não se assustem, não irei mencioná-las uma a uma. Citarei apenas as principais:
- Prédio da Prefeitura de Cantagalo;
- Prédio da Rodoviária;
- Ginásio de Esportes José dos Santos Vieira;
- Construção de três escolas municipais;
- Construção de 12 pontes de concreto em diversos pontos do município;
- Saneamento e pavimentação de dez ruas em vários pontos do município;
- Praças públicas em São S. do Paraíba e em Boa Sorte;
- Novo cemitério de Cantagalo, com capela velório;
- Conjunto habitacional Vilaje Barão de Nova Friburgo (120 apartamentos);
- Casas populares no Bairro Novo Horizonte (B.N.H.);
- Inauguração da agência da Caixa Econômica Federal;
- Inauguração da agência da Previdência Social, com o P. A. Médico;
- Reforma Administrativa da PMC;
- Mecanização da Contabilidade da PMC;
- Inauguração do escritório do FUNRURAL;
- Aquisição de quatro caminhões e máquinas pesadas para a PMC;
- Quitação das dívidas da PMC com a Previdência Social e com o FGTS;
- Recuperação da credibilidade da PMC.”
Tudo isso só no primeiro mandato!
Quanto ao meu querido e saudoso amigo Dr. João Nicolao Guzzo, deixarei falar o coração:
“Dr. João era da minha idade, nascido no dia 18 de abril de 1935, quatro dias antes do meu nascimento. Fomos alfabetizados no colégio da Prof.ª Leonor Barros, onde o João se notabilizava por suas peraltices.
Desde menino, João era um exímio fabricante de balões de todos os modelos; arte que aprendera com seu tio-avô Vicente Surdinho. Naquele tempo, não era proibido soltar balões e eles iam ao ar a partir do quintal dos meus pais.
Fomos colegas no Colégio Euclides da Cunha e nas tardes de futebol no campo de tênis.
Determinou o destino que escolhêssemos a medicina como profissão; sendo o Dr. João Guzzo o primeiro médico com formação em pediatria a trabalhar em Cantagalo, dedicando-se de corpo e alma aos seus pequenos pacientes, sem jamais se preocupar com a parte financeira.
A partir de agosto de 1965, passamos a trabalhar na centenária Casa de Caridade de Cantagalo; eu na cirurgia e ele como anestesista, onde vivemos grandes emoções marcadas por muitas vitória e algumas derrotas.
Nem sempre vivemos em um céu de brigadeiro ou num mar de rosas; houve divergências na sala de cirurgia, quando as coisas não iam bem e desejávamos salvar uma vida humana em risco; ocorriam até discussões. Todavia, à noite, uma ligação telefônica tudo esclarecia e a amizade continuava.
Consolidando a longa amizade, João Guzzo casou-se com minha prima, a prof.ª Yolanda da Silva Monteiro, resultando do casamento minhas priminhas Fernanda Lea e Míriam Lúcia, que aqui se acham presentes.
Infelizmente, Dr. João Guzzo teve a vida interrompida precocemente em Rio das Ostras, no momento em que se preparava para retornar a Cantagalo e reiniciar suas atividades médicas, utilíssimas à população. Portanto, é mais do que justo eternizar seu nome neste Serviço da Saúde da Família, não só como médico, mas também como escritor, poeta e vereador, presidente da Câmara na promulgação da nossa Lei Orgânica”.
Rogo a Deus que a beleza e o conforto dessas instalações sejam complementados com um ótimo atendimento aos pacientes, que doravante não precisarão aguardar o atendimento sentados no meio-fio, expostos ao sol, como tantas vezes vi, na rua Rodolfo Albino, em prédio inadequado para prática médica.
Nosso povo merece tudo de bom e melhor. Salve o progresso de Cantagalo!
