Jovem friburguense é campeão mundial no World Pro Jiu-Jitsu, em Abu Dhabi
Quando perguntam “o que é a vida?”, a resposta exige elaborada reflexão. Muitos buscam a religião como fonte inspiratória. Outros delegam ao acaso a dádiva do viver. Há os que entendem como um grande mistério, sem origem e sem destino. Eu, até hoje, sigo inquieta na busca por uma definição que me satisfaça mais.
Seja como for, a vida manifestada, neste planeta, possui um início e um fim, que chegará a todos. Uns dizem ser curto esse período, para tanta coisa que pode ser realizada. Sêneca, por outro lado, afirma que se o tempo for bem gasto, de forma cuidadosa, não há brevidade alguma.
Todos nós, prósperos ou não, atentos à vida ou descuidados em meio a tantos afazeres burocráticos, chegaremos ao mesmo momento. Como disse esse filósofo estoico: “Tu estás ocupado, a vida se apressa. Nesse ínterim, a morte irá chegar, para a qual, querendo ou não, terás de ter tempo.”
Ulisses de Homero, após ir à guerra de Troia, gasta um longo período de sua vida tentando retornar para o seu reino, em Ítaca. Lá, deixou sua esposa Penélope e seu filho Telêmaco. O herói de Troia passou por dificuldades, aventuras e testes, em um encontro com ele mesmo para, finalmente, retornar ao lugar que entendia como seu, na vastidão do mundo.
O que é Ítaca, afinal? Ter uma referência de direção, sabermos para onde estamos navegando, sem a ansiedade do destino final, mas com deleite pelos dias de experiência que irão surgir. Kostantinos Kaváfis, poeta grego, recomenda: “Terás sempre Ítaca no teu espírito, que lá chegar é o teu destino último. Mas não te apresses nunca na viagem. É melhor que ela dure muitos anos, que sejas velho já ao ancorar na ilha, rico do que foi teu pelo caminho, e sem esperar que Ítaca te dê riquezas.”
Seja lá o que for a vida, a sua compreensão como uma jornada consegue se adaptar a muitas concepções. Somos caminhantes, peregrinos em movimento, indo de um ponto a outro.
A existência, compreendida como uma viagem, nos ensina que o trajeto é mais fácil quando não levamos muito peso. É nesse percurso que nos tornaremos prósperos e forjados com as virtudes dos acontecimentos.
No fim do poema, Kaváfis registra: “Por pobre que a descubras, Ítaca não te traiu. Sábio como és agora, senhor de tanta experiência, terás compreendido o sentido de Ítaca.” Meu caro leitor, Ítaca também carrega sentidos únicos, subjetivos. E, para mim, eles se resumem em uma vida na qual eu possa: aproveitar a viagem; lembrar minhas raízes firmes; a lealdade a princípios; ser na prática mais resiliente, para uma experiência proveitosa, sem temer o desconhecido. Para você, o que é a vida?