“Relações humanas: “gentileza gera gentileza””, por Celso Frauches

Gentileza gera gentileza

Gentileza gera gentileza

É Natal. O Natal de Jesus. A fraternidade está no ar.

Com os meus pais – Telva e Henrique − tive uma educação democrática e amorosa em um ambiente rural de paz, quando “eu era feliz e não sabia”, parodiando o poeta Ataulfo Alves sobre a sua pequenina Miraí, nas Minas Gerais. Bom dia, boa noite, por favor, obrigado, perdão, desculpe e outras gentilezas. Uma relação humana carregada de amor e paz.

Na Assembleia Legislativa, usando cargos de direção e chefia, me dirigia aos funcionários que estavam sob o meu comando desse forma. Logo no início ouvia de meus superiores: “Não faça isso. Eles são seus comandados”. De tanto ouvir essa orientação, resolvi ler um livro que tinha me chamado a atenção: “Relações Humanas na família e no trabalho”, em sua primeira edição, de Pierre Weil. Já está na 57ª (Petrópolis, RJ: Vozes, 2013).

Conheci Pierre Weil na década de 90, por volta de 1994. Ele participava de um evento internacional, em Alto Paraíso de Goiás, uma cidade próxima de Brasília. Lá estava eu. O evento rolava numa fábrica desativada, um imenso galpão. Havia de tudo no local: box para alimentação, para venda de produtos, para leitoras de mão, jogadoras de cartas de baralho, etc. Devia ter umas quinhentas pessoas no ambiente.

 

Cabeça de Cristo, por Warner Sallman (Foto: Wikimedia Commons)
Cabeça de Cristo, por Warner Sallman (Foto: Wikimedia Commons)

 

Foi anunciada a conferência de Pierre Weil sobre a Paz. Ele subiu ao palco. Vestia branco, com algo parecido com um paletó. Ele queria iniciar sua fala, mas o tumulto era enorme. Ninguém conseguiria ouvir. Ele esperou uns cinco minutos. Mas como não houve silêncio, ele retirou do bolso interno do paletó uma flauta comum, de bambu, e começou a tocar uma melodia linda. Aos poucos a plateia foi fazendo silêncio. Quando não se ouvia um pio, ele parou de tocar, “enfiou a viola no saco” e fez a sua memorável conferência sobre a paz mundial. Um exemplo de como trabalhar a Paz.

Pierre Weil (1924/2008) era reitor da Unipaz – Universidade Holística Internacional, sediada em Brasília, criada a pedido do então governador do Distrito Federal, José Aparecido de Oliveira. Uma universidade da fraternidade universal.

No Rio de Janeiro, muito antes, nos anos 50, conheci um “profeta de rua”, José Datrino. Portava sempre uma vestimenta de profeta do século 1, portando um banner com suas frases, com destaque para “Gentileza gera gentileza”. Era tido como louco. Hoje, já temos até dissertação de mestrado sobre ele.

Datrino nasceu em Cafelândia, São Paulo. Desde jovem, se destacava por seu comportamento atípico. Afirmava que tinha, na década de 50, uma missão na Terra. Nesses tempos, ele escrevia nas pilastras do viaduto da avenida Brasil frases que refletiam sua ideologia, como “GENTILEZA GERA GENTILEZA”.

No Natal, creio ser a frase mais significativa para a data do advento de Jesus Cristo. Jesus é Amor. O amor gera gentileza, que gera gentileza…

 

José Datrino, o profeta das ruas do Rio de Janeiro - GENTILEZA GERA GENTILEZA
José Datrino, o profeta das ruas do Rio de Janeiro – GENTILEZA GERA GENTILEZA

 

No mundo, vários dirigentes de países lutam contra a guerra. Deveriam lutar pela paz. As palavras os ventos não levam; isso é folclore. As palavras têm força, geram atitudes, emoções, ações. José Datrino não lutava contra a guerra. Era a favor da paz. A paz no lar, no trabalho, nas relações sociais, nas relações institucionais e das nações. Na vida, enfim.

O escritor norte-americano Mark Twain (1835/1910) era pacifista, a favor da igualdade racial e de classes, e afirmava que “a gentileza é a linguagem que os surdos podem ouvir e os cegos podem ver”. Uma linguagem intelectual para expressar GENTILEZA GERA GENTILEZA.

Gestos de gentileza partem de um simples “bom dia” para um complexo “perdão”. Não um bom dia com a “cara amarrada”, fechada. Um sorriso é o adorno ideal.

Podemos identificar a força dos gestos de gentileza, por exemplo, quando vamos a alguma loja. Como é agradável vir em nossa direção um vendedor com um sorriso dizer “estou à sua disposição”.

A gentileza começa em nós. A Paz começa em nós. Não espere a gentileza do outro para fazer a sua.

O Natal de Papai Noel é comércio. Época de troca de presentes.

O Natal de Jesus é Amor expresso em gentileza. Momentos de reconciliação, de perdão. De amor pleno e irrestrito.

FELIZ NATAL E UM ANO NOVO PLENO DE REALIZAÇÕES!

 

Celso Frauches é escritor, jornalista, historiador, pesquisador e diretor-presidente do Instituto Mão de Luva.
Celso Frauches é escritor, jornalista, historiador, pesquisador e diretor-presidente do Instituto Mão de Luva.

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