“Rodolpho Albino”, por Dr Júlio Carvalho

Estava preparando um artigo para a semana, todavia, encontrando-me no Banco do Brasil com um caríssimo amigo, este me solicitou que escrevesse alguma coisa sobre o mestre cantagalense Rodolpho Albino, tão pouco conhecido pelos cantagalenses. Resolvi atendê-lo.

Meu saudoso amigo Dr. Edmo Rodrigues Lutterbach, colega durante sete anos no extinto Colégio Euclides da Cunha, dedicou-se a pesquisar e escrever sobre ilustres cantagalenses que se destacaram em âmbito nacional em diversos ramos da atividade humana. Só em um artigo publicado no Jornal das Letras (Niterói), relacionou 22 conterrâneos que se destacaram pelo notável saber.

Júlio Carvalho é médico e ex-vereador em Cantagalo.
Júlio Carvalho é médico e ex-vereador em Cantagalo.

Nosso focalizado de hoje, Rodolpho Albino Dias da Silva, nasceu em nosso município no dia 05 de agosto de 1889, sendo filho de Dr. João Albino Dias da Silva e da Sra. Alzira Mendonça Dias da Silva.

Fez seus estudos iniciais no Colégio Anchieta, em Nova Friburgo. Diplomando-se em Farmácia, em 1909, pela antiga Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro; hoje, Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Logo depois da diplomação, procurando aprimorar seus conhecimentos, seguiu para a França, onde se aperfeiçoou no estudo da química e da botânica com grandes mestres de Paris.

Ao regressar da Europa, foi aprovado em concurso público como farmacêutico do Exército do Brasil, indo servir no Rio Grande do Sul. Pertenceu, também, ao quadro de farmacêuticos do Laboratório Químico-Farmacêutico do Exército.

Em 1916, foi um dos fundadores e presidente da Associação Brasileira de Farmacêuticos e redator chefe do Boletim da Associação Brasileira de Farmacêuticos, jornal que tinha por objetivo divulgar a associação e os trabalhos ali realizados.

Em 1919, foi eleito Membro Titular da Academia Nacional de Medicina, apresentando o trabalho “Falsas Ipecas do Brasil”. É o Patrono da Cadeira 96.

Código Farmacêutico Brasileiro, que passou a ser conhecido como Farmacopeia Brasileira, redigida por Rodolpho Albino
Código Farmacêutico Brasileiro, que passou a ser conhecido como Farmacopeia Brasileira, redigida por Rodolpho Albino

Rodolpho Albino foi professor de farmácia e atuou no Laboratório Nacional de Análise. Durante 10 anos, trabalhou intensamente para concluir o Código Farmacêutico Brasileiro, que foi apresentado ao Dr. Carlos Chagas, Diretor Geral do Departamento Nacional de Saúde Pública. Este criou uma comissão de seis membros, sendo três professores da Fiocruz e três farmacêuticos, que após longo e minucioso trabalho aprovou o extraordinário trabalho de Rodolpho Albino, sendo oficializado como Código Nacional Farmacêutico.

Em 1926, as autoridades sanitárias do Brasil aprovaram o Código Farmacêutico Brasileiro, que passou a ser conhecido como Farmacopeia Brasileira; enquanto a farmacopeia de outros países fora elaborada por equipes, a brasileira foi fruto do trabalho exaustivo do cantagalense Rodolpho Albino, com descrição minuciosa de mais de 200 espécies da flora brasileira. Trabalho realizado no interior do Laboratório da Casa Granado, de onde nosso conterrâneo fora o Diretor Técnico.

Em 1925, foi criado a cadeira de Farmacognosia no terceiro ano do curso de Farmacologia, sendo o Dr. Rodolpho Albino convidado a ser o seu professor.

Além de cientista, Rodolpho Albino dominava com facilidade o idioma francês, era poeta e desenhava bem com o lápis e os pincéis, realizando os desenhos botânicos de seus trabalhos científicos. Deixou, também, pinturas importantes em diversas telas. Foi exímio pianista e compositor de várias músicas nos seu horários de folga.

Infelizmente, aos 42 anos de idade, este cantagalense que prestou relevantes serviços à ciência brasileira, no dia 07 de outubro de 1931, partiu para a vida eterna.

Laboratório Rodolpho Albino, em Nova Friburgo
Laboratório Rodolpho Albino, em Nova Friburgo

Várias homenagens foram prestadas ao Dr. Rodolpho Albino como demonstração de reconhecimento pelo seu trabalho científico. Em Cantagalo, uma das principais ruas recebeu o seu nome.

Em 1968, o meu querido e saudoso compadre Dr. Osmar de Souza Vieira, ao retornar para nossa terra natal, criando um laboratório de análises clínicas junto ao Hospital de Cantagalo, fez questão de denominá-lo Laboratório Rodolpho Albino, que existe até hoje aqui e em Nova Friburgo.

Em Macuco existe a Escola Municipal Dr. Rodolfo Albino, a maior do município vizinho, instalada no CIEP. No Rio, a biblioteca da Associação Brasileira de Farmácias (ABI), recebeu o nome de Biblioteca Rodolfo Albino. No Leblon, Rio de Janeiro, existe a rua Rodolfo Albino. Em Belém, Pará, encontra-se a Passagem Rodolfo Albino.

Enfim, são justas homenagens ao brasileiro que, isoladamente, teve a capacidade de elaborar a Farmacopeia Brasileira.

Júlio Carvalho é médico, ex-vereador e ex-provedor do Hospital de Cantagalo, e atualmente é auditor da Unimed de Nova Friburgo.

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