Jovem friburguense é campeão mundial no World Pro Jiu-Jitsu, em Abu Dhabi
Na vida e no Carnaval
Todos gostavam de vê-la.
Nas trovas foi sem igual
Ruth Farah é sempre estrela!
(Angela Araújo)
Conheci Ruth Farah no final de 1947, quando ela foi eleita Rainha dos Estudantes de Cantagalo. Em 1950, mais uma vez foi Rainha, agora Rainha da Primavera. Eu estava no final do curso ginasial, no Colégio Municipal Euclides da Cunha. Conheci-a mais de perto nos idos de 1960 como diretora do então Grupo Escolar Lameira de Andrade. Mulher alegre, feliz, apaixonada pelo esposo, Alexandre.
Eu o amei de tal maneira,
Com tanto apego e ardor,
Que nem mesmo a vida inteira
Bastou para tanto amor.
Gostava dos carnavais de antigamente, quando saía, escondidas nas fantasias pelas ruas de Cantagalo, brincando com todo mundo. Parou quando o Carnaval virou bagunça e falta de respeito aos semelhantes. Era piadista conhecida, com a sua verve poética.
Trovadora impecável e desprendida, por suas publicações e atuação em Cantagalo, foi reconhecida por seus pares, pelo Brasil afora, sendo designada delegada da União Brasileira de Trovadores (UBT) em nossa cidade.
“Sorrir é o melhor remédio”
— é receita garantida.
Não respire o próprio tédio;
Abra a cortina da vida.
A partir de 2003, passou a organizar, anualmente, os Jogos Florais, concurso de âmbito nacional e internacional. Residindo, nessa época, em Brasília, recebia regularmente os convites para esse concurso. Acompanhava tudo a distância. Lia as principais trovas premiadas, mas não participava com nenhuma trova, porque trovador não sou, infelizmente.
Nos concursos, não “brigava” por premiação. Vibrava com as melhores trovas, suas ou não. Os trovadores de Cantagalo tiveram nela uma incentivadora, apoiadora. Ela os provocava para produzirem trovas para os Jogos Florais e divulgava as melhores trovas, com isenção. Era generosa em tudo que fazia.
Recebeu o troféu e diplomas da Associação Brasileira de Médicos Escritores (Abrames), por sua participação no concurso de trovas sobre Hipócrates, o Pai da Medicina, classificando-se em 2º lugar.
O Deus-Pai todo bondade,
Manda HIPÓCRATES, de Cós,
tratar da humanidade
pensando, talvez, em nós.
No concurso de redação para professores, promovido pela Academia Brasileira de Letras (ABL), dos mais de seis mil participantes, ficou entre os cem melhores trabalhos. Figurou, por essa colocação, na coletânea Devemos ver com os olhos livres.
Fez sucesso com sua participação no concurso internacional Caminhos do pensamento – Horizontes da Memória, promovido pela Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, a convite da Unesco.
Dezenas incontáveis de troféus e premiações acompanharam a poeta e trovadora Ruth Farah, ao longo de sua fértil vida literária.
Suas trovas temáticas faziam sucesso, sempre. Sobre o AMOR:
O AMOR faz passar o tempo,
Não há quem possa negar.
Mas se o amor é passatempo,
O tempo é que o faz passar.
As trovas humorísticas premiadas foram muitas, como a que vai a seguir:
Lamentável foi o AZAR
De um artista pra quem viu:
Mal começou a cantar,
A dentadura caiu.
Antes de se despedir da vida, Ruth Farah Nacif Lutterback nos deixou uma trova que faz dela ter saudade:
Saudade, orvalho da vida,
Que não umedece o chão,
Mas penetra decidida
No mais rijo coração.
Coração rijo ou não, a saudade desse ser humano poético e cantagalense vibra em nós, quando pensamos em poesia e trovas:
Idade não é velhice
— a experiência nos prova:
Trovadores, com meiguice,
fazem da vida uma trova.
Este mês, no dia 21, faz cinco que ela nos deixou. Não morreu. Virou estrela…