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A Igreja Católica, Apostólica, Romana, no seu calendário litúrgico, reserva o dia 18 de outubro para comemorar São Lucas; ao mesmo tempo, no Brasil e em vários países ocidentais, a data é considerada o Dia dos Médicos. Por que isso ocorre?
Segundo São Paulo, o apóstolo dos gentios, São Lucas era médico e seu companheiro em algumas viagens de evangelização, bem como durante suas prisões em Roma, até o momento de sua execução, em 67 da era cristã. Vejamos:
1) Na carta aos Colossenses, São Paulo escreve: “Saúda-vos Lucas, o caríssimo médico, e Demas” (Cl 4,14).
2) Na segunda epístola a Timóteo, São Paulo, já na prisão, se lamenta: “Só Lucas está comigo” (2 Tm 4,11).
3) Finalmente, na carta a Filêmon, quase um bilhete, São Paulo escreve: “Enviam-te saudações Epafras, meu companheiro de prisão em Cristo Jesus, assim como Marcos, Aristarco, Demas e Lucas, meus colaboradores” (Fm 23,24).
Diante do testemunho de São Paulo em três cartas, não resta dúvida de que São Lucas, além de médico, foi um fiel companheiro de São Paulo, não só amenizando seus sofrimentos físicos como lhe concedendo todo apoio necessário na prisão, tanto na Palestina como em Roma.
Portanto, nada mais justo e mais correto que São Lucas ser o patrono da classe dos médicos que, através dos séculos, procuram aliviar os sofrimentos da humanidade, até o momento final de cada ser humano. Na Faculdade de Ciências Médicas – RJ, havia o Prof. Pinheiro Guimarães, mestre da cadeira de Patologia Geral, que gostava da frase: “A Medicina cura algumas vezes, alivia muitas vezes, mas consola sempre”.
São Lucas era natural de Antioquia, cidade de região que hoje pertence à Turquia, e que era, na época, considerada centro urbano dos mais cultos do mundo dominado pelos romanos. Nessa cidade, estudou medicina, sendo homem de grande cultura, dominando com muito conhecimento a língua grega.
São Lucas não conheceu Jesus Cristo pessoalmente, acredita-se que ele tenha chegado à Palestina na comitiva que acompanhava São Paulo, quando este foi levar recursos financeiros para a igreja de Jerusalém.
São Lucas é autor de dois livros do Novo testamento: o Evangelho de São Lucas e o Atos dos Apóstolos; os dois livros constituem cerca da quarta parte do Novo Testamento, sendo escritos em um grego clássico. O estilo literário de São Lucas é tão belo que alguns consideram seu trabalho verdadeira obra-prima.
O Evangelho de Lucas, 3º Evangelho da Bíblia, faz parte dos Evangelhos sinópticos, isto é, que podem ser lidos em paralelo, com estruturas semelhantes, com os Evangelhos de São Mateus e São Marcos, todavia se caracteriza por sua beleza, sendo o Evangelho do perdão, da misericórdia e do amor de Deus.
São Lucas dedica seu Evangelho a Teófilo, que tanto pode ser um cidadão que patrocinou o seu livro como pode ser qualquer cristão, uma vez que a palavra Teófilo significa “amigo de Deus”. Acredita-se que tenha sido elaborado cerca no ano 70 d.C. O autor procura ordenar os acontecimentos da vida de Jesus, ao contrário do que acontecia anteriormente.
O Evangelho de Lucas foi escrito para os gentios, para o mundo greco-romano; esses povos eram politeístas, acreditavam em vários deuses, e eram instáveis, convertiam-se ao cristianismo e voltavam para a religião anterior; Lucas, para evangelizá-los, baseou-se no amor de Deus, no perdão pelas quedas humanas.
Acredita-se que Lucas agiu como repórter entrevistando Maria Santíssima, daí seu Evangelho conter tantas passagens sobre a infância de Jesus e aspectos da sua Mãe, como o Magnificat, que Maria canta no encontro com Isabel, e que nosso primeiro Bispo, o saudoso D. Clemente Isnard, beneditino, tanto gostava de recitar.
Narra a adoração dos pastores ao Menino Deus, a história do bom samaritano, o retorno do filho pródigo, o leproso curado que volta para agradecer sendo um samaritano, enfim, é pura beleza, perdão e amor de Deus pela humanidade.
O segundo livro de Lucas é o Atos dos Apóstolos, que narra o início do Cristianismo, a sua expansão pelo mundo daquela época até chegar em Roma e, da cidade eterna, expandir-se por todo o mundo por ação do Espírito Santo.
Consta que São Lucas escreveu um só livro que, mais tarde, por interesse didático, foi dividido em dois, como conhecemos atualmente.
Alguns acreditam que São Lucas era pintor, havendo pintado um retrato de Maria Santíssima; outros acreditam que o que Lucas escreveu sobre a Mãe de Jesus serviu de inspiração para os pintores que, mais tarde, pintaram quadros de Maria Santíssima.
Lucas é o patrono não só dos médicos, mas também dos pintores e dos escritores.
Lucas faleceu em Tebas, na Grécia; alguns consideram que de morte natural, no ano 84 d.C., outros que foi martirizado, morrendo pendurado em uma árvore.
Inúmeros livros foram escritos sobre São Lucas; um médico brasileiro escreveu uma biografia de São Lucas em três volumes, que totalizam pouco mais de 600 páginas, não me lembro o nome do colega e não li o trabalho. Outro livro bastante interessante é Médico de Homens e de Almas, de autoria da escritora Taylor Caldwell; embora seja um trabalho romanceado, a autora realizou vastíssima pesquisa sobre São Lucas.
O nome Lucas significa “portador da luz” e, realmente, com a grandiosidade dos seus dois livros, ele iluminou belamente o cristianismo, inspirado pela ação do Espírito Santo.