A capacitação foi conduzida pelo subcoordenador da Defesa Civil, Robson Teixeira, e pelo major Pitaluga, do 6º Grupamento de Bombeiro Militar (GBM) de Nova Friburgo, e contou com a participação do coordenador da Defesa Civil no município, João Paulo Mori, e do coronel Palencia, comandante do Corpo de Bombeiros. Diversos secretários prestigiaram o evento. O secretário de Educação, Marcelo Verly, foi representado pelo seu assessor, professor Raul Gonçalves.
Na abertura, Dermeval Neto disse que muita coisa já foi feita para a reconstrução da cidade, que as escolas foram recuperadas, assim como o Hospital Municipal Raul Sertã, muito atingido pela inundação e pela lama. Ele disse que a cidade passou por muito sofrimento, mas que não é o culpado e não pode ser responsabilizado por problemas futuros. “Enquanto estava na condição de prefeito em exercício, abri a porta de casa e olhei como a cidade estava. Não entreguei a chave da Prefeitura, muito pelo contrário, compartilhei-a com o Governo do Estado, garantindo com que o vice-governador permanecesse na cidade por 45 dias. Se fizemos certo ou se fizemos errado, uma coisa é certa: fomos corajosos. Tudo o que fiz foi por coração a Nova Friburgo. Nós somos valentes. Vou à Alemanha, dia 24, receber um prêmio que foi conferido ao município pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). Recebi a visita de um senador que prometeu verbas para a cidade e estou indo a Brasília tentar garantir outros recursos para resolver o problemas das encostas. Esse curso de hoje retrata a importância do trabalho conjunto”, finalizou, revelando que não abandonará o funcionalismo e que batalhará pelo plano de cargos e salários da classe, além de salários mais dignos, até onde puder chegar.
A capacitação, que durou 10 dias, atingiu os cerca de seis mil funcionários. Segundo os organizadores, a capacitação será feita em dois estágios: o já iniciado pelo Corpo de Bombeiros e Defesa Civil nas comunidades e escolas, com treinamento de evacuação, orientações sobre o sistema de alerta-alarme e os pontos de apoio; e o segundo estágio, que é o treinamento do funcionalismo. A prevenção é a palavra de ordem.
Na palestra do subcoordenador Robson Teixeira, foi apresentado o planejamento que está em operação e que consiste em envolver toda a mídia da cidade aos sinais de alerta, ativar um sistema de alerta-SMS e de rádio-amador para a difusão desses sinais, além dos sistemas de sirenes, que serão montados em algumas comunidades e sobre a distribuição de celulares para lideranças comunitárias, que também receberão apitos, camisas, lanternas e material informativo para distribuição.
O coronel Palencia, iniciou a segunda fase, antes do major Pitaluga, dizendo que cursos sobre a evacuação dos alunos das escolas estão em andamento e que o treinamento dos professores será contínuo, permanente, com início em outubro, revisão em novembro e no próximo ano também.
A segunda palestra da noite tratou exclusivamente sobre o Plano de Evacuação nas Escolas. Antes disso, o major revelou o quanto desproporcional foi a massa de água que atingiu a cidade em janeiro deste ano, vinda do Atlântico Sul. Segundo disse, a sua extensão foi de 100 quilômetros, com 15 quilômetros de altura. Mas, de acordo com o coronel Mori, as previsões para este ano são de menos quantidade de chuvas do que o cenário de janeiro.
Embora, alertou o coordenador da Defesa Civil, a cidade encontra-se fragilizada. Por isso, a importância da capacitação e prevenção, “porque todos nós temos que fazer o papel de Defesa Civil e estarmos preparados para o pior cenário. Se chover, a ideia é que todos os funcionários públicos assumam seus postos de trabalho, para que voltemos à normalidade o mais rápido possível. Vamos trabalhar pró-ativos, de forma preventiva e não reativa. Volto a dizer que a cidade está vulnerável, apesar de tudo o que já foi feito e das encostas que estão sendo construídas”, disse.
Tão logo tenham recebido treinamento, a cidade já enfrenta novos problemas. As chuvas dos últimos dias, provocadas pela Zona de Convergência do Atlântico Sul, como os meteorologistas chamam o fenômeno, já assustou a cidade, com alagamentos nas principais ruas do Centro, embora o Rio Bengalas nem tenha transbordado. A precipitação mostra que a cidade ainda não está preparada paras as chuvas de verão.