Setor agropecuário fluminense cresce, em média, 9% ao ano desde 2017

A agropecuária está em expansão no estado do Rio de Janeiro, com crescimento médio de 9% ao longo dos últimos três anos. O dado, que revela o fortalecimento desta atividade produtiva, foi apresentado no painel virtual promovido pela Câmara Setorial de Agronegócios do Fórum da Alerj de Desenvolvimento Estratégico.

No encontro, produtores rurais, representantes do setor varejista e das universidades apontaram a necessidade de ampliar investimentos e apoio governamental para que o setor gere mais emprego e renda.

O presidente da Federação da Agricultura do Estado do Rio de Janeiro (Faerj), Rodolfo Tavares, enfatizou que a ampliação e a qualificação da cadeia produtiva exige que se repense a questão tributária, para reduzir o custo de produção. O estado conta, atualmente, com um rebanho de cerca de 2,7 milhões de cabeças de gado.

O crescimento de 9% ao ano representa a superação do período de estagnação que vivemos entre 2015 e 2017 e é resultado também da migração de outros produtores para o setor agropecuário. O Rio precisa de uma política agropecuária mais expressiva que fomente nossas atividades para que possamos equacionar os vários gargalos do setor“, disse.

Segundo o presidente da Faerj, enquanto no Estado de São Paulo, o produtor rural não paga ICMS de energia elétrica, no Rio a cobrança é de 32%: “São questões como essa que vão se acumulando e trazendo diferenças enormes no custo de produção em comparação com outros Estados“.

Falta suporte à comercialização

Apesar de o Rio de Janeiro ser o segundo maior consumidor de carne do país, a maior parte do que é consumido pelos fluminenses vem de outros estados. O gerente comercial da Dom Atacadista, Jessé Almeida, destacou a dificuldade dos frigoríficos situados no Rio dar suporte à comercialização. “Hoje não temos manipulação nenhuma sobre a carne bovina, os produtos já chegam embalados, identificados e em porções. É um plano dentro do setor varejista comercializar a carne processada desta maneira e são poucos os frigoríficos no estado que conseguem nos dar esse suporte“, explicou.

Segundo Jessé, é importante que o setor receba investimentos para que possa atender as demandas do mercado. “Nossa ideia é sempre fortalecer os produtores que estão dentro do nosso Estado mas, infelizmente, muitas vezes não conseguimos por falta de estrutura e incentivos“, lamentou.

O presidente da Associação dos Frigoríficos do Rio de Janeiro (FriRio), Aureliano Brum Vargas, defendeu a inclusão de frigoríficos no hall de produtores abarcados pela Lei 8.792/20, que isenta estabelecimentos da cobrança do Fundo Orçamentário Temporária (FOT).

Temos um papel importante para a economia do estado e existem muitos riscos sobre nossas atividades. A carga tributária é alta em comparação com os outros estados. Para os frigoríficos não fecharem, acabam migrando para outras regiões. Se não existirmos, o pecuarista ficará à mercê de outros estados e terá que arcar com custos de ICMS, o que pode inviabilizar a produção“, enfatizou.

O presidente da FriRio destacou ainda a importância do setor para a geração de emprego e renda no interior fluminense. “Existem frigoríficos que são capazes de gerar mais de 200 empregos, o que é um número significativo se pensarmos o montante populacional de algumas cidades. Nossa responsabilidade social é muito grande“, afirmou.

Vantagens Logísticas

O presidente da Faerj também enfatizou a vantagem logística do Rio, que possui aproximadamente 15 milhões de consumidores em um raio de 100km da capital fluminense. Uma vantagem que outros estados não possuem. Para o professor de Geografia Agrária da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Nilton Junior, faltar utilizar melhor essas vantagens e potencialidades em benefício do próprio estado.

A agropecuária é importante para alimentar a região metropolitana e para gerar emprego, renda e melhores condições de vida para as populações do interior. Precisamos usar essa vantagem logística a nosso favor. Ela não pode atrapalhar o desenvolvimento do interior do estado que acaba ficando esvaziado, já que as atenções ficam concentradas nas regiões próximas à capital.“, destacou.

A Secretária-Geral do Fórum da Alerj, Geiza Rocha, que mediou o debate, falou sobre a atuação e os objetivos do Fórum e a importância de painéis virtuais para pensar o estado do Rio. “O debate de hoje é uma forma de pensar estrategicamente nosso estado, reunir informações sobre a situação do setor agropecuário para que possamos levar as demandas da melhor forma possível para as instituições e os tomadores de decisão. O setor da agropecuária tem um potencial enorme para dinamizar a economia do nosso estado e não vai ficar de fora dos nossos debates“, concluiu.

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