Jovem friburguense é campeão mundial no World Pro Jiu-Jitsu, em Abu Dhabi
Em 1966, estando como Governador do Estado do Rio de Janeiro o ilustre cantagalense Marechal Paulo Torres, preocupado com a situação da saúde no interior do estado, foi realizado em Cantagalo um simpósio de saúde, organizado pelos Drs. Heitor Santos e Mário, representantes da Secretária de Saúde do antigo Estado do Rio de Janeiro, com a capital em Niterói.
O evento, realizado no ginásio do Colégio Lameira de Andrade, contou com a participação das seguintes pessoas: Dr. Joaquim de Souza Carvalho Junior (Diretor do Hospital de Cantagalo), Dr. José Cavalcante de Oliveira (Chefe do posto de Saúde Dr. Djalma Dantas de Gusmão), Dr. Nilo Teixeira Rodrigues (Chefe do Posto de Saúde de Euclidelândia), Dr. João Nicolau Guzzo (pediatra do Hospital de Cantagalo), Enfª. Nilce Nilda Vieira Rodrigues (graciosamente, Chefe de Enfermagem do Hospital de Cantagalo), Sra. Nilce Barreto Nara (Assistente Social), e dos seguintes funcionários do Posto de Saúde: Sr. Geraldo de Oliveira Cardoso, Sr. Rubens Araújo e Sr. Celso Alves; além do autor do artigo.
Todos os acima citados já faleceram depois de prestarem relevantes serviços à nossa comunidade, exceto o narrador, hoje com 85 anos, que aqui está para contar alguns fatos do passado.
Durante dois dias, os problemas de saúde do município de Cantagalo foram analisados e discutidos em alto nível, mostrando, os dois representantes da S. E. de Saúde, interesse em encontrar soluções.
Mostrou-se a total carência de assistência médica aos habitantes dos distritos de Santa Rita da Floresta e de São Sebastião do Paraíba; a existência de um único e antigo hospital na cidade, com duas enfermarias de oito leitos (masculina e feminina) cada uma, com apenas um banheiro, uma de pediatria com 4 leitos e uma de obstetrícia, também com 4 leitos, além de quatro quartos particulares atendidos por um único banheiro, situado no corredor, também usado pelos funcionários e médicos; além de falta de serviço de raios-X e de laboratório.
Depois de dois dias analisando toda problemática da saúde em Cantagalo, foi montado o relatório final, em que se solicitava maior contribuição do governo do estado ao Hospital de Cantagalo para construção de uma maternidade anexa, bem como aparelhagem de raios-X e ambulância para remoção de pacientes. No final dos trabalhos, o Diretor Médico do Hospital de Cantagalo, Dr. Carvalho Junior, fez um apelo para que o governo estadual tratasse o nosso hospital com muito carinho, dando todo apoio necessário, pois um dia ele seria um Hospital Regional.
0 apoio estadual foi pequeno, apenas um aparelho portátil de Raios-X, doado pela Loteria Estadual e uma ambulância Rural-Willis, não para transporte de pacientes, mas para atendimento semanal às localidades de Campo Alegre, São Sebastião do Paraíba e Santa Rita da Floresta, trabalho realizado durante dois anos seguidos pela equipe: Samuel Stutz (motorista), Aristides Sant’Anna (enfermeiro), Carmem Helena Felippe de Jesus (atendente) e este escriba. Foram dois anos pesados, através de estradas poeirentas, sem conforto, mas com persistência.
Em 1968, foi montado, anexo ao Hospital de Cantagalo, o Laboratório Rodolfo Albino, iniciativa do Farmacêutico-Químico Dr. Osmar de Souza Vieira, cantagalense residente em Niterói, que optou pelo retorno à terra natal, onde prestou relevantes serviços.
Cinquenta e seis anos depois, creio que houve muito progresso na área médica do município. O prédio do velho hospital continua de pé e útil, agora como setor administrativo e pronto socorro, enquanto o setor hospitalar se encontra instalado em um amplo imóvel construído por uma diretoria onde todos os membros tinham menos de 40 anos de idade, apoiados por um Conselho Deliberativo formado por homens da estirpe de Manoel Martinez Corbal, Dr. Cesar de Azevedo Goulart, Ediu da Silva Pinto, Carlos Roberto de Almeida Palma, Américo Ventura, José Américo Marques, Oswaldo Machado, Fernando Purger, Dr. Joaquim Maurício de Souza Carvalho, José Heleno e Wilson Assis.
Construiu-se 3200 m² de obras com empréstimo do F.A.S., através da Caixa Econômica Federal, graças ao empenho de duas pessoas: o Deputado Federal Léo Simões e o médico Dr. Flávio Heleno Poppe de Figueiredo, ambos falecidos. Quatro anos depois, estando o Hospital de Cantagalo com dificuldade para quitar o empréstimo com a CEF, o governo municipal, na gestão do Prefeito Nilo Guizo, quitou a dívida, permitindo que a centenária instituição continuasse a servir a população cantagalense e da região.
Ao mesmo tempo em que essa obra era realizada, foi iniciada a construção de um outro prédio com seis apartamentos e posto de enfermagem, graças ao estímulo do empresário Gildo Camino, que doou todos os tijolos, pedras, telhas e madeira para obra.
Alguns anos depois, na gestão do Dr. Elicê Vollu, foi acrescido o bloco de serviços gerais: cozinha, refeitório e lavanderia, também com 800 m², graças a um empréstimo do Governo Federal.
Hoje, o Hospital de Cantagalo possui uma área física de cerca de 4.500 m², dotado de amplo centro cirúrgico e obstétrico, Serviço de Raios-X, U.T.I. (terceirizada), enfermarias de Clínica Médica, Pediatria, Cirurgia, Ginecologia e Obstetrícia, com competente equipe médica e de enfermagem, mantendo convênios com diversos planos de saúde, como o S.U.S., com a Prefeitura Municipal de Cantagalo (serviço de Pronto Socorro) e com as Prefeituras de Macuco e Santa Maria Madalena (urgências).
Com 148 anos de existência, a Casa de Caridade de Cantagalo, hoje Hospital de Cantagalo, feliz criação das Lojas Maçônicas Confraternidade Beneficente de Cantagalo e Ceres, caminha a passos largos, para cumprir as proféticas palavras do seu Diretor Médico, no Simpósio Médico de 1966, meu querido e saudoso pai, Dr. Carvalho: “Um dia o Hospital de Cantagalo, será um Hospital Regional”.
Júlio Carvalho é médico, ex-vereador e ex-provedor do Hospital de Cantagalo, e atualmente é auditor da Unimed de Nova Friburgo.