Empresários pedem mais mão de obra para confecção à Faetec em Bom Jardim
Em entrevista ao JR, Giovani Buzzi destaca o início da produção, fala de mercado e defende o produto como para público certo e exigente, sem pretensão de concorrer com marcas maiores e populares. Na produção, exceto a água, tudo é importado da Europa.
JORNAL DA REGIÃO (JR) – Como começou a ideia de fabricar cerveja em casa?
Giovani Buzzi (GB) – Em 2006, fui apresentado ao mundo das cervejas artesanais, quando, em uma viagem a Pomerode (SC) – “Cidade mais alemã do Brasil” –, experimentei este produto que nada tem a ver com as cervejas industriais.
A intensidade do sabor, a presença forte de lúpulo e maltes especiais me chamaram a atenção. A partir daí, em viagens pelo sul do Brasil, sempre que tinha oportunidade, procurava alguma microcervejaria.
Em 2010, surgiu a oportunidade de, juntamente com minha esposa, Ana Paula, fazermos um curso de produção caseira, com o mestre cervejeiro João Veiga, na cidade de Guapimirim (RJ).
Passamos, então, a produzir em pequena escala (máximo de 20 litros por semana). A produção ocorria aos sábados e o resultado era saboreado na companhia dos amigos mais próximos. Entre estes amigos estava o atual sócio, Marcus Vinícius, que nos incentivou a produzir em maior volume, para fins comerciais. Aceitamos o desafio e, juntamente com ele, em 2012, iniciamos a construção da fábrica e a aquisição dos equipamentos.
Em maio de 2013, saiu a primeira cerveja da fábrica, mantendo a alma da produção caseira, na panela. No final de 2013, admitimos um novo sócio, Abílio Gonzaga, que nos colocou no mercado de Nova Friburgo.
JR – Tem recebido apoio de alguma entidade para a produção, como cursos e treinamentos?
GB – De início, não. Por princípio, procuramos não depender de auxílio do poder público. Entretanto, com a evolução do empreendimento, tivemos a oportunidade de manter um contato mais próximo com entidades como o Sebrae e alguns órgãos do Governo do Estado, como a Secretaria de Agricultura.
Hoje, temos o prazer de ter incluído Santa Maria Madalena no mapa de turismo estadual, fazendo parte de um grande projeto intitulado ‘Rota Cervejeira do Rio de Janeiro’ , que divulga o conceito de ‘Cervejas das Montanhas’. O projeto é patrocinado pela Secretaria de Estado de Turismo e pelo Sebrae, em parceria com a Accerj Tur (Associação Turística das Cervejarias e Cervejeiros do Rio de Janeiro) e envolve, além de Santa Maria Madalena, também os municípios de Nova Friburgo, Teresópolis, Petrópolis Guapimirim e Cachoeiras de Macacu. A ideia é divulgar não só a cultura cervejeira, mas, também, a gastronomia e outras manifestações culturais da região.
JR – Quais os eventos que participou para divulgar o produto?
GB – Já estivemos em alguns eventos, como o Prêmio Rio de Cultura no Parque Lage, no Rio de Janeiro, em maio de 2014. Em agosto do mesmo ano, fomos convidados para participar do Rio Gastronomia, projeto de grande divulgação produzido pelo Jornal O Globo. Em dezembro do ano passado, estivemos presentes no concurso Maravilhas Gastronômicas do Rio de Janeiro, em que nossa cerveja Buzzi Red Ale figurou entre as finalistas.
JR – Qual é sua produção mensal e onde é vendida a cerveja na região?
GB – Hoje temos uma capacidade máxima de produção de sete mil litros/mês. Comercializamos na Região Centro-Norte do estado do Rio de Janeiro, onde fomos os primeiros a conseguir o registro no Ministério da Agricultura. Também estamos na Região dos Lagos.
Aos poucos, estamos chegando à capital e Região Metropolitana. Atualmente, nosso maior mercado é a cidade de Nova Friburgo, onde já existe uma cultura cervejeira e um público já há mais tempo habituado a este tipo de produto.
Produzimos, atualmente, sete estilos de cerveja de forma regular: Red Ale, Stout, Weiss, Blond, Lager, IPA e Rumbier (nossa exclusividade, que leva melado de cana na receita e atinge 9% de teor alcoólico) e uma sazonal, a Bock, que fabricamos no inverno. No momento, estamos nos preparando para lançamento do nosso choppe, que será fornecido somente nas cidades vizinhas.
JR – Quem são os proprietários da Cervejaria Buzzi?
GB – Eu, Ana Paula Estellet Buzzi, Marcus Vinícius Figueredo e Abílo Gonzaga.
JR – Qual o maior desafio do investimento?
GB – Temos o desafio de mostrar ao consumidor que cerveja não é tudo igual. Que existe um produto diferenciado, fiel às suas origens. Este produto, elaborado com maltes, lúpulos e leveduras importados, não cai na tentação de diminuir a qualidade para baratear o custo final. Não usamos milho, arroz, ou produtos similares como as cervejas industriais. Por isso, temos um produto que atende aos paladares mais exigentes.
Nosso malte vem da Alemanha, assim como as leveduras. O lúpulo (que dá o amargo e o aroma à cerveja) vem dos países mais frios da Europa, como Áustria e República Tcheca, além da Alemanha. O único produto nacional é a água, da qual nos orgulhamos, pois vem direto da fonte, na montanha, no pé da mata. Nela, só fazemos uma filtragem básica, não precisamos usar qualquer produto químico, nem mesmo para corrigir o PH. Também não nos permitimos usar qualquer conservante, estabilizante ou corante artificial nas nossas cervejas. Nosso produto não é pasteurizado, o que lhe garante uma leveza no sabor, podendo ser considerada uma “cerveja viva”.
Não temos a pretensão de disputar mercado com as marcas de grande produção, mesmo porque nosso público é outro. Queremos, sim, crescer um pouco mais, mas não ao ponto de termos que abrir mão da qualidade e do controle pessoal de cada fase da produção. Nossa qualidade e a “alma caseira” não podem, jamais, ser dispensadas.