Jovem friburguense é campeão mundial no World Pro Jiu-Jitsu, em Abu Dhabi
Reginaldo Gonçalves*
O baixo crescimento demonstra a fragilidade em que se encontra a economia e expõe as dificuldades enfrentadas pela indústria. O superávit da balança comercial cada vez menor, com possibilidade de entrar no vermelho, prejudica o serviço da dívida externa e os juros muito altos, além de ser remédio já ineficaz contra a inflação, onera o pagamento da dívida interna. O Banco Central fica entre a cruz e a caldeira, numa inglória tentativa de conciliar juros, combate à inflação, crescimento do PIB, câmbio, a geração de superávit primário e a adimplência da União.
Essa situação repete-se durante todo o ano e, infelizmente, algumas ações são urgentes, porém improváveis diante da proximidade das eleições. Os preços administrados, como energia, combustíveis e transportes, já estão no limite, mas o governo insiste em mantê-los represados. Se houver aumento do consumo, certamente a pressão sobre os preços prejudicará o sistema de controle, confirmando o que muitos indicadores já apontam: o estouro da meta inflacionária, fixada em 6,5%.
O excesso de gastos públicos é uma evidência, além do uso político de empresas como a Petrobras. A estatal, que agora se vê envolvida em mais um triste episódio, vem reduzindo, de maneira significativa, o pagamento dos dividendos aos acionistas em virtude de manobras internas estabelecidas pelo Conselho de Administração.
O País está assistindo a sucessivos escândalos que envolvem a área econômica e dilapidação do patrimônio público. Somente o caso da refinaria de Pasadena está gerando prejuízo em torno de US$ 792 milhões. Diante das novas denúncias dos últimos dias, estamos mais uma vez sob a mira de olhos inquisidores. É o que teremos, mais uma vez, de enfrentar: a desconfiança internacional.
Em 2013, ingressaram no Brasil US$ 64 bilhões em investimentos estrangeiros diretos (IED), colocando o país na quinta posição do ranking divulgado em junho pela Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet), com base nos dados da United Nations Conference on Trade and Development (Unctad). Parece um valor bastante considerável. E é. Preocupante não é o montante em si, mas o movimento de queda de interesse do investidor estrangeiro em relação ao País.
O Brasil perdeu a quarta posição de 2012, viu o valor dos recursos caírem pela primeira vez desde 2009 e foi ultrapassado a toda velocidade pela Rússia, que figurava no oitavo lugar da edição anterior do ranking. O País perdeu sua importância no cenário internacional? Seguramente, não. Tanto que, segundo aponta a própria Unctad, é o quinto principal destino nas intenções de investimentos nos próximos dois anos para 164 companhias globais. Porém, a pouca transparência e as manobras contábeis para manter indicadores positivos, sem falar na ausência de reformas e incentivos à produtividade e inovação, tiram o fôlego de qualquer disputa por recursos.
Em tempos de cenário econômico mundial instável, o dinheiro busca segurança. Agora, como vamos recuperar a azeitona da empada?
*Reginaldo Gonçalves é coordenador do curso de graduação em ciências contábeis da Faculdade Santa Marcelina (FASM).