“Cantagalo e seus distritos: breve histórico – Parte 1”, por Celso Frauches

Cantagalo

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Cantagalo vai comemorar, no próximo mês de outubro, as suas datas históricas: 1760, criação do povoado El Rei, construído por seu fundador, o garimpeiro Manuel Henriques, o Mão de Luva; a partir de 1786, passou a ser identificado como Novas Minas de Cantagalo; o distrito foi criado oficialmente pelo vice-rei Fernando José de Portugal e Castro, marquês de Aguiar, mediante alvará de 9 de outubro de 1806, integrado ao município de Santo Antônio de Sá (Cachoeiras de Macacu), com o reconhecimento como freguesia do Santíssimo Sacramento; em 1814, elevado à vila de São Pedro de Cantagalo, como município independente; em 2 de outubro 1857, a vila foi elevada à categoria de cidade, agora com o nome atual, Cantagalo.

Do seu nascimento, em 1760, até 2023, Cantagalo passou por inúmeras e radicais alterações em seu território.

Com a criação, por D. João VI, da Colônia Nova Friburgo, acabou por perder, em 1818, esse território para o município de Nova Friburgo, colonizado por suíços, que englobava Bom Jardim. Suas terras confrontavam com o Rio Paraíba do Sul e com os municípios fluminenses de Macacu, Magé, Macaé e Campos dos Goytacazes, o que demonstra a importância territorial e socioeconômica de Cantagalo no Império.

 

Mapa do município de Cantagalo no início do século 20
Mapa do município de Cantagalo no início do século 20

 

Em 1922, o município de Cantagalo ocupava uma área de 934 km2, com 34.798 habitantes. Estava dividido por seis distritos: a sede, Cantagalo, 1º distrito, com 6.315 habitantes; Santa Rita da Floresta, 2º, com 2.558 habitantes; Cordeiro, 3º, com 5.587 habitantes; Macuco, 4º, 3.230 habitantes; Santa Rita do Rio Negro, 5º, que englobava as terras do futuro distrito de Boa Sorte e Macuco, com 11.910 pessoas; e São Sebastião do Paraíba, 6º, 4.989 habitantes.

A Empresa de Força e Luz Ibero-Americana, comandada por Antônio Castro, a Estrada de Ferro Cantagalo, as fazendas históricas, na produção de café e, depois, a pecuária, contribuíram para o desenvolvimento do município e região.

O cine-theatro Elias, construído em 1853, era o centro de diversão dos cantagalenses, com capacidade para duzentos espectadores, distribuídos por cadeiras no térreo, camarotes e galeria. O Grêmio Literário Euclydes da Cunha era o centro de estudos do notável autor de Os Sertões. Movimentava a intelectualidade da cidade. “Mão de Luva” era nome de rua, substituído por “Getúlio Vargas”, que nem sabia onde ficava a cidade do galo que cantava. Há hoje um novo galo, que alegra as manhãs da vila Pitta. Às vezes o dia todo, quando ele acorda “arretado”.

A população de Cantagalo, em 2022, chegou a 19.390 pessoas, segundo o IBGE, uma queda de -2,22% em comparação ao Censo de 2010, contra 34.798 habitantes um século antes. A cidade de Cantagalo tem, em 2023, uma densidade demográfica de 25,95 habitantes por km² e uma média de 2,65 moradores por residência. Não há mais cine e nem teatro, com ou sem “h”.

Tinha dois jornais – Correio de Cantagallo, com cinquenta anos de circulação, e Tribuna. Desde 1986, circula este Jornal da Região, um periódico que abrange a região serrana fluminense. Há 37 anos, ininterruptamente. A TV Regional, com sede em Cantagalo, cobre a região serrana fluminense, assim como o digital Serra News.

O 2º distrito, Santa Rita da Floresta, criado em 12 de setembro de 1890, é caracterizado por excelente clima, faz parte dos Caminhos de Mão de Luva, que atravessou o rio Paraíba do Sul no porto do Cunha, mais tarde Porto Novo do Cunha, em 1760. stá ali também a Paróquia de Santa Rita de Cássia.

 

O centro da cidade de Cordeiro em 2023 (Acervo da Prefeitura).
O centro da cidade de Cordeiro em 2023 (Acervo da Prefeitura).

 

Cordeiro, o 3º distrito, foi criado em setembro de 1890, mas nasce na realidade em 1875, com a estação ferroviária. Esse evento foi, pouco a pouco, transformando a cidade. Por Decreto de 24 de março de 1891, foi elevado à categoria de município. Em 28 de maio de 1892, por outro decreto, foi reincorporado ao município de Cantagalo. Esse progresso proporcionou, em definitivo, a criação do município de Cordeiro, a partir da fazenda de João dos Santos Cordeiro Júnior. O periódico Gazeta de Cordeiro deu a Cordeiro a divulgação que necessitava para ser transformado em município, ao lado de outros periódicos: Monóculo, Cordeirense e Democrata. Para esse ato contribuiu também a construção do Posto de Monta, criado em 1921, com a 1ª Exposição Agropecuária, que aproveitou a era do crescimento da pecuária bovina para promover suas memoráveis exposições

Foi elevado à categoria de município com a denominação de Cordeiro, pelo Decreto-lei estadual nº 1.056, de 31 dezembro de 1943, constituído de dois distritos: Cordeiro e Macuco, este pertencia ao então distrito de Santa Rita do Rio Negro. O município foi instalado em 1º de janeiro de 1944, englobando Macuco. Era um entroncamento ferroviário, fato que contribuiu para o seu desenvolvimento socioeconômico.

Cem anos depois, em 2022, o município de Cordeiro, segundo o IBGE, possui 20.783 habitantes que ocupam a área de 113,048km². É um município próspero. Sua economia é baseada no comércio e serviços. Agora é uma espécie de entroncamento rodoviário, já que o presidente Jânio Quadros, num acesso de estupidez, acabou com o sistema de transporte ferroviário. O presidente da Câmara é o vereador Romualdo de Souza Rosa; prefeito: Leonan Lopes Melhorance.

 

Cidade de Macuco (Acervo: Prefeitura de Macuco)
Cidade de Macuco (Acervo: Prefeitura de Macuco)

 

O 4º distrito, Macuco, era o menor dos seis distritos do nosso município. O seu povoado, como Cordeiro, surgiu e cresceu às margens da Estrada de Ferro Cantagalo. Em 10 de setembro de 1890, o governador Francisco Portella editou o Decreto de criação do distrito de Paz de Macuco, desmembrado do de Santa Rita do Rio Negro. Foi elevado a município por Decreto de 9 de maio de 1891, voltando a ser distrito de Cantagalo por Decreto de 28 de maio de 1892. Macuco era eminentemente pastoril.

Entretanto, pelo Decreto n.º 249, de 9 de maio de 1891, foi criado o município de Macuco, desmembrado do de Cordeiro, tendo por sede a povoação do mesmo nome, elevada à categoria de vila, com o nome oficial de Macuco. Mas, em 8 de maio de 1892, o Decreto n.º 1 suprimiu o município de Macuco. Em dezembro de 1995, o governador do Rio de Janeiro, Marcello Alencar, sancionou a Lei n.º 2.497, criando definitivamente o município de Macuco.

Em 2022, Macuco abriga uma população de 5.415 pessoas em uma área de 77,6km2. É o menor município fluminense.  Tem sua economia centrada na área de laticínios, desenvolvida comercialmente pela Cooperativa Regional de Macuco, criada em 1939. Nesses 84 anos de existência, mediante investimentos e diversificação de seus produtos, a Cooperativa tem duas fábricas (Macuco e Quissamã), cobrindo uma área de cerca de 22 municípios, além de aquisições de silos e caminhão adaptado para a distribuição de ração a granel e uma loja de vendas em São Fidélis. Presidente da Câmara Municipal: vereador Marcelo Abreu Mansur; prefeita: Michelle Bianchini.

[LEIA  A SEGUNDA PARTE DESTE ARTIGO NESTE LINK]

 

Celso Frauches é escritor, jornalista, historiador, pesquisador e diretor-presidente do Instituto Mão de Luva.
Celso Frauches é escritor, jornalista, historiador, pesquisador e diretor-presidente do Instituto Mão de Luva.

 

Fontes:

Album Municipio de Cantagallo, direção do Dr. Júlio Pompeu (Cantagalo, RJ: 1922).

Álbum das Fazendas de Cantagalo. CARVALHO, Sebastião A. B. e CARVALHO, Rosa Maria O. W. R de. Nova Friburgo, RJ; In Media Res, 2020.

O Tesouro de Cantagalo. CARVALHO, A. B. Nova Friburgo, RJ: In Media Res, 2020.

Terra de Cantagalo. DIAS, Acácio F. Vols. 1 e 2. Cantagalo, RJ: PMC, 1981.

Registros de Nascimento e Desenvolvimento de Cordeiro. TAVARES, Madalena. Nova Friburgo, RJ: In Media Res, 2022.

Imigrantes. BON, Henrique. 2ª edição revista e ampliada. Nova Friburgo, RJ: In Media Res, 2004.

São Sebastião do Paraíba e sua história. MELO, Ismenia. Cantagalo, RJ: Ed. do Autor, 2018.

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