Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal: confira o resultado dos municípios da região
Lembro exatamente da manhã em que percebi que vivia no piloto automático. Estava no trânsito, atrasado, com o coração acelerado e a mente girando em mil pensamentos sobre trabalho, contas, metas, compromissos, prazos. De repente, percebi que não lembrava dos últimos 25 minutos do caminho. Eu estava ali, dirigindo, mas não presente. Foi assustador!
Eu era daqueles que acordava, respondia mensagens ainda com os olhos semiabertos, corria para cumprir prazos e, no fim do dia, sentia que tinha feito muito, mas sem ter vivido quase nada. Foi só quando comecei a sentir os sinais do estresse que percebi que alguma coisa precisava mudar e que, quase sem querer, descobri o significado de estar presente de verdade: não se tratava de “esvaziar a mente”, mas de criar espaços entre um pensamento e outro, de notar a vida acontecendo, mesmo nas pequenas coisas. Isso mudou tudo.
O problema de viver no piloto automático, dominado pelo estresse e pela agitação
Muitas pessoas enfrentam esse mesmo dilema: dias corridos, mente cheia, emoções desreguladas. Vivemos tão ocupados tentando dar conta de tudo que esquecemos de cuidar do essencial: da nossa mente e das nossas emoções.
Trocamos presença por produtividade. Fazemos uma coisa já pensando na próxima. Almoçamos sem saborear, conversamos respondendo notificações, terminamos o dia com a sensação de que não estivemos totalmente em lugar nenhum. Resultado: mente exausta, emoções desreguladas, decisões impulsivas, relações superficiais.
Segundo estudos, as pessoas passam, em média, 47% do tempo distraídas, pensando em algo diferente do que estão fazendo. E mais: quanto mais distraídas, menos felizes se sentem. Estar presente, portanto, não é só uma questão de produtividade — é uma questão de bem-estar.
Mas por que é tão difícil estar presente?
A vida moderna nos empurra para longe do agora. Vivemos cercados por estímulos constantes que fragmentam nossa atenção e nos lançam em um estado permanente de alerta. A mente se acostuma a vagar entre o que já passou e o que ainda nem aconteceu, alimentando a ansiedade, a culpa ou a preocupação com o futuro. Soma-se a isso a crença de que parar, respirar ou simplesmente observar é perda de tempo — como se desacelerar fosse um sinal de fraqueza, e não de inteligência emocional. Sem perceber, vamos agindo no automático, sem consciência das nossas emoções ou escolhas, vivendo um ciclo que se repete diariamente, alimentando o estresse, a impulsividade, a desconexão e o esgotamento interno.
Como retomar o controle e viver com mais presença?
Se viver no automático é o problema, a solução precisa começar com a reconquista da nossa atenção. E é justamente aqui que entram a meditação e o mindfulness. Essas práticas não são místicas ou complexas como muitos pensam — são ferramentas práticas e acessíveis que nos ajudam a perceber onde estamos, o que sentimos e como reagimos. Ao silenciar o ruído ao redor e observar com mais clareza nossos pensamentos e emoções, ganhamos a chance de fazer escolhas mais conscientes. Meditar e praticar mindfulness é, em essência, retomar as rédeas da própria mente e sair do ciclo reativo em que tantas vezes nos vemos presos.
Por que tantas pessoas ainda resistem à meditação?
Muitas pessoas ainda acreditam que meditar exige esvaziar completamente a mente ou ficar imóvel por longos períodos — como se fosse uma prática exclusiva de monges ou ligada apenas a tradições religiosas distantes da realidade cotidiana. Algumas até tentam, mas desistem rapidamente por acharem difícil ou por não perceberem resultados imediatos. Outras acreditam que não têm tempo, imersas em uma rotina acelerada onde parar por alguns minutos parece impossível. Impaciência e pressa por soluções rápidas afastam muita gente de um dos caminhos mais simples e eficazes para cultivar equilíbrio emocional.
Passo a passo para cultivar presença em pequenas doses diárias
A verdade é que meditar e praticar o mindfulness não é fugir da vida — é aprender a estar inteiro nela. E pode ser muito mais simples — e acessível — do que parece.
- Escolha um momento do dia: Pode ser logo ao acordar, antes do almoço, antes de dormir ou em algum momento tranquilo em que possa estar consigo mesmo. A consistência é mais importante que a duração.
- Para a prática formal, sente-se confortavelmente, feche os olhos e apenas respire: Foque na sua respiração por 1 minuto. Apenas sinta o ar entrando e saindo. Se sua mente divagar, apenas note e volte gentilmente ao foco.
- Observe seus pensamentos sem julgar: Não tente controlar. Apenas perceba que eles vêm e vão. Isso ajuda a cultivar clareza e autoconsciência.
- Para praticar mindfulness no cotidiano, traga atenção total ao que estiver fazendo: Enquanto toma banho, escova os dentes, lava a louça ou caminha, esteja totalmente presente — sinta a água, o cheiro do sabonete, o gosto da pasta de dente, o movimento dos passos. Preste atenção aos detalhes. Isso também é meditar.
- Use lembretes físicos para ancorar sua presença ao longo do dia: Pode ser tocar uma pulseira, colar um post-it com a palavra “aqui” ou acionar um alarme com a frase “Respira”.
- Seja gentil consigo mesmo: Nem sempre será fácil. Haverá dias mais turbulentos, e tudo bem. O mais importante é continuar voltando, com leveza e curiosidade.
Exemplo que inspira
Carlos, engenheiro de 42 anos, começou a meditar por 5 minutos antes de sair para o trabalho. Em poucas semanas, percebeu que estava menos reativo nas reuniões e mais paciente com os filhos. A esposa chegou a comentar: “Parece que você está mais leve”. O que mudou? Apenas a prática diária de respiração consciente.
O que muda quando você se torna presente
A presença é um presente — para você e para os outros. A meditação e o mindfulness não vão tirar você da realidade. Pelo contrário: vão colocar você de volta nela, mais inteiro, mais calmo, mais lúcido. Não espere um esgotamento para começar. Experimente hoje. Dois minutos. Um foco: estar aqui, agora. Pode ser o começo da sua transformação emocional, relacional e profissional.