“I Encontro da família Moraes”, por Amanda de Moraes

Confiem nos sonhos, pois neles acha-se escondido o portal para a eternidade”, clamou o poeta Khalil Gibran ao meditar sobre a morte.

Um ser humano que não sonha é um mero corpo que honra, no dia 5 de cada mês, faturas. O sopro da vida instiga paixões, anseios e objetivos, que vão desde a casa própria até a conquista por virtudes que admiramos.

Ah… Quantos esforços diários para que a nossa vida não seja um livro em branco. Aí vem ela, a única certeza possível, e entrega o nosso corpo à terra e a nossa alma a Deus. O que então será feito das risadas que demos, das pessoas que tocamos, das conquistas profissionais, dos objetivos concretizados? Não era o sonho da eternidade?

Na semana passada, em Macuco, houve o 1º Encontro da Família Moraes, na belíssima fazenda Ribeirão Dourado, construída em 1805 (quando a capital do Rio de Janeiro tinha em torno de 50 mil habitantes). Berço da história brasileira, esse local presenciou marcos importantes da nossa sociedade. Em seu aspecto particular, foi palco de inesquecíveis momentos da família Moraes.

Compareceram parentes das mais diversas cidades, com um propósito em comum: relembrar os tempos idos, sorrir para o passado, agradecer às gerações que vieram antes, alimentar esse amor nos jovens que lá estavam. Interessante observar que todos esses atos provinham de uma história contada.

Ah, sua bisavó, quando aqui morou, ainda criança, corria com as irmãs por mata adentro – disse o saudoso neto a seu filho.

Em idade avançada, ela dedicava boas tardes de domingos à fabricação do famoso Pão de Minuto, vocês se lembram? – pontuou um primo animado.

 

Fazenda Ribeirão Dourado
Fazenda Ribeirão Dourado

 

Foram horas a fio de resenha, recordando tempos e histórias.

O bom papo só foi interrompido quando os corpos, diante da música, não conseguiram permanecer quietos. Resolveram brindar a vida no compasso da melodia.

A cada passo, demonstravam a alegria por serem Moraes. Em cada gesto, carregavam o afeto pelos antepassados. Como nos declarou Maria Helena Moraes: “dentro de um contexto familiar, somos o resultado da nossa ancestralidade.

Ali, então, toda o antepassado estava presente. Seja por meio dos episódios, dos objetos preservados, e, acima de tudo, do pedaço de si que deixaram para a posteridade (os rebentos) ao seguir o silencioso caminho pós-vida. Dar à vida, dar à luz, dar à eternidade, para o legado continuar a ser.

Um encontro assim é a maneira mais humana de reviver os episódios de uma família, representada em palavras, pelo sobrenome. Mesmo passados 218 anos da fundação da fazenda Ribeirão Dourado, a memória dos ascendentes é motivo de celebração.

Aliás, a fazenda permanece de portas abertas para os visitantes que desejam conhecer mais a história do Brasil e das personagens que, lá, em Macuco, moraram.

Quanto vale a experiência de viajar para um lugar histórico? Cuidado, porque poderá ser imortal.

 

Amanda de Moraes Estefan é advogada, no Rio de Janeiro, e sócia do escritório Mirza & Malan Advogados. Ela é neta do ex-prefeito de Trajano de Moraes, João de Moraes.
Amanda de Moraes Estefan é advogada, no Rio de Janeiro, e sócia do escritório Mirza & Malan Advogados. Ela é neta do ex-prefeito de Trajano de Moraes, João de Moraes.

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