“A arte de transformar comportamentos em resultados parte 16: a arte de lidar com os conflitos”, por Jalme Pereira

A arte de lidar com conflitos

A arte de lidar com conflitos

De acordo com uma pesquisa recente, cerca de 85% dos profissionais relatam que enfrentam conflitos no local de trabalho regularmente, e 29% dizem que esses conflitos resultam em perda de tempo e produtividade.

Quantas vezes você já se viu preso em um conflito, sentindo-se frustrado, estressado e incapaz de encontrar uma solução?

Pois então… O problema é que a maioria das pessoas não sabe lidar com os conflitos. Tem medo do desconforto interpessoal e da confrontação direta.

Assim, é comum ver pessoas que diante dos conflitos expressam sentimentos de raiva, ressentimento e incompreensão. Costumam ter a qualidade de vida afetada, prejudicando os relacionamentos e o desempenho no trabalho e, quando as emoções estão intensas, perdem totalmente a capacidade de concentração e foco nas tarefas e responsabilidade.

Isso ocorre porque as pessoas são diferentes e têm diferentes opiniões e valores que nem sempre são reconhecidos ou respeitados pelos outros. Noutras porque as pessoas têm expectativas, pontos de vistas, necessidades, desejos e interesses que são percebidos como excludentes.

A comunicação ineficaz ou imprecisa é outro fator-chave que alimenta conflitos, principalmente, quando há má interpretação ou falta de clareza, geradas por fatores culturais e sociais, ou mesmo, quando trabalham em ambientes nos quais a competição e a pressão por resultados são estimuladas.

Como os conflitos são inevitáveis, a maneira mais lógica para lidar com eles está na perspectiva em abraçar essas situações como oportunidades de crescimento e aprendizado. Quando abraçamos os conflitos, passamos a entender os diferentes pontos de vista, a encontrar soluções criativas e a fortalecer os relacionamentos. Para isso acontecer é necessário:

1) Ser preciso na linguagem: optar por uma linguagem respeitosa e não violenta. Levar em consideração fatores como a cultura, experiências e crenças do outro, pois isso pode influenciar a forma como suas palavras são recebidas. Por exemplo, muitas frases aparentemente simples podem ter significados diferentes para pessoas diferentes. Ao dizer “a operação foi um sucesso”, você pode estar se referindo a uma cirurgia, enquanto a outra pessoa pode interpretar como uma operação financeira.

2) Evitar generalização: em vez de fazer declarações amplas e cheias de preconceitos ou padrões, que nem sempre refletem a realidade, seja específico. Por exemplo, em vez de dizer “Você sempre chega atrasado às reuniões”, você poderia dizer “Nas últimas três reuniões, você chegou atrasado mais de 15 minutos, e isso impactou o nosso progresso”.

3) Evitar omissões: evite deixar de fora informações relevantes. Ao discutir um projeto que não foi concluído a tempo, não omita fatores externos como a falta de recursos ou mudanças nos requisitos que provocaram o adiamento.

4) Evitar distorções: não interprete mal as ações ou palavras da outra pessoa para adequar à sua narrativa. Por exemplo, se alguém diz algo que você interpretou erroneamente como uma crítica, verifique se sua interpretação está correta antes de reagir. Pode ser que a pessoa esteja apenas oferecendo feedback construtivo.

5) Cuidar do tom de voz: imagine que você esteja discutindo com um colega. Se você usar um tom agressivo ou irritado ao falar “Eu não posso acreditar que você não concorda comigo!”, isso provavelmente aumentará a tensão e fará com que seu colega fique na defensiva. Em contrapartida, um tom de voz calmo e amigável, como “Eu entendo que temos perspectivas diferentes e que vamos encontrar um meio-termo que funcione para todos”, pode ajudar a reduzir a tensão e criar um ambiente mais colaborativo.

6) Ficar atento às expressões corporais: evite gestos ou expressões faciais que possam ser interpretados como hostis. Digamos que você esteja numa conversa com os braços cruzados e uma expressão facial fechada. Isso pode fazer com que seu colega se sinta intimidado. Mantenha uma postura aberta, com os braços relaxados ao lado do corpo, e uma expressão facial neutra ou amigável, isso transmitirá confiança e receptividade.

7) Evitar usar a força: o objetivo não é vencer ou provar que você está certo, mas sim encontrar uma solução que seja satisfatória. Ao discordar, esteja aberto para reconhecer as preocupações dos demais colegas e esteja disposto a ouvir diferentes pontos de vista, no lugar de tentar impor sua própria opinião.

8) Compreender o mapa de mundo do outro: reconheça que cada indivíduo possui uma perspectiva única do mundo, influenciada por suas experiências, crenças e valores. Ao reconhecer e respeitar as diferenças na forma como as pessoas interpretam o mundo ao seu redor, é possível promover uma comunicação mais eficaz.

9) Compreender as intenções: é importante não apenas observar as ações de alguém, mas também compreender as intenções por trás das ações. Muitas vezes, as pessoas agem de determinada maneira por razões que não são imediatamente aparentes. Em vez de julgar precipitadamente, tente considerar o que pode estar impulsionando e como você pode responder de maneira construtiva.

10) Analisar seu comportamento e padrões de pensamento: reserve um momento para refletir sobre seu comportamento e padrões de pensamento. Considere como suas emoções, experiências passadas e crenças podem afetar a comunicação. Por exemplo, certa noite, conversando com minha esposa ao telefone, cada um num lugar diferente, ela falou: “Olha para o céu e veja que lua minguante linda!”. Eu prontamente respondi: “Crescente”. Ela ficou em silêncio e, num tom mais enfático, insistiu: “Minguante”. Foi então que começamos a discutir. A verdade é que a aparência da lua pode variar dependendo do ponto de vista, o que pode levar a interpretações diferentes.

Imagine como seria sua vida se você pudesse eliminar os conflitos que causam tanto estresse e tensão. Imagine ter relacionamentos mais harmoniosos, uma mente mais tranquila e uma sensação de controle sobre sua vida. Saber lidar com conflitos te faz mais confiante, resiliente e capacitado para enfrentar os desafios da vida com calma e determinação.

Comece agora mesmo a implementar essas estratégias para lidar com conflitos de maneira eficaz e construtiva. Seja proativo e transforme os conflitos em oportunidades de crescimento.

 

Jalme Pereira é músico, palestrante, desenhista e trabalha na Universidade Veiga de Almeida (UVA)
Jalme Pereira é músico, palestrante, desenhista e trabalha na Universidade Veiga de Almeida (UVA)

 

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