“O Lençol de Turim”, por Júlio Carvalho

Acredito que o momento mais propício para escrever sobre o misterioso lençol de Turim é a Quaresma, período de reflexões e de revisão de nossa vida espiritual.

Na época em que Jesus passou pela Palestina, era hábito do povo judeu banhar os mortos, untá-los com bálsamos perfumados, envolvê-los em um lençol de linho e sepultá-los em cavernas cavadas nas rochas. Assim foi feito com Jesus após o descenso da cruz (Jo 19, 40-42).

No norte da Itália, na cidade de Turim, na arquidiocese de Vercelli, existe, guardado com todo cuidado e respeito, um lençol que, segundo a tradição, envolveu o corpo de Jesus na gruta em que fora sepultado por José de Arimatéia e outras pessoas, na sexta-feira, após sua execução.

Como esse lençol chegou à cidade de Turim é uma longa e complicada história, acreditada por muitos e negada por outros. Para os crentes é uma extraordinária relíquia de Jesus; para os descrentes, não passa de uma farsa (Jo 20, 4-8).

No século II, foi registrada a presença de uma imagem da face de Jesus na cidade de Edessa, atual Urfa, na Turquia. Até o ano de 525, a presença da imagem facial continuava assinalada na mesma cidade.

No ano de 944, os exércitos bizantinos conquistaram a cidade de Edessa, levando, solenemente, o sudário para Jerusalém, no dia 16 de agosto.

Em 1204, Robert de Clary, cronista da IV Cruzada, relata que toda sexta-feira o lençol com a imagem de Jesus era exposto em Jerusalém para adoração. A partir dessa data, não se tem mais notícia do lençol, sendo provável que tenha sido levado para a Europa pelos templários; exército criado no Velho Continente com o objetivo de libertar Jerusalém das mãos dos muçulmanos.

 

O Sudário de Turim
O Sudário de Turim

 

Em 1314, os templários são acusados de realizarem cultos secretos, não cristãos, na Europa. Em 1356, um cruzado de nome Geoffray de Charny entrega o sudário aos cônegos de Lirey, na França.

Em 1453, o lençol com a imagem passa para a família de Savóia, que o leva para Chambery, onde a relíquia ficava guardada em uma caixa de prata, sendo exposta ao público, periodicamente. Na noite de 3 para 4 de dezembro de 1532, a capela em que se encontrava foi envolvida por um grande incêndio. A caixa de prata foi retirada a tempo, todavia o metal foi derretido em alguns pontos, caindo sobre o lençol dobrado, causando-lhe 12 perfurações, remendadas pelas Irmãs Clarissas, aparecendo em forma de triângulos irregulares.

Em 1578, São Carlos de Borromeu desejava ir à França para visitar o Sudário; a fim de evitar o sacrifício da longa viagem do religioso, o lençol é levado para Turim, onde permanece até hoje.

Em 1898, entre os dias 25 e 28 de maio, o Sudário é fotografado pela primeira vez. E a fotografia mostra algumas surpresas.

Em 1983, a família Savóia faz doação do Sudário para o Papa, sendo João Paulo II o Sumo Pontífice.

Em 21 de abril de 1988, o lençol de Turim é submetido ao teste do carbono 14, gerando diversas polêmicas.

Na noite de 11 para 12 de abril de 1997, um grande incêndio atinge a capela em que estava guardado, com toda segurança, o Lençol de Turim, protegido por vidro a prova de projéteis de arma de fogo. O lençol é salvo pelo bombeiro Mário Trematore que, enfrentando corajosamente o fogo, consegue quebrar o vidro especial de proteção, retirando a relíquia do catolicismo. O bombeiro era um sindicalista de esquerda.

Periodicamente, o Sudário de Turim é exposto para visitação pública conforme determinação do Papa.

O Sudário tem sido estudado por médicos e cientistas através do tempo e muita coisa foi revelada por esses estudos.

O Lençol ou Sudário de Turim é cercado de mistério e de revelações que serão descritos nos próximos artigos.

Até lá!

 

Júlio Marcos de Souza Carvalho é médico, ex-vereador e ex-provedor do Hospital de Cantagalo e atualmente é auditor da Unimed de Nova Friburgo
Júlio Marcos de Souza Carvalho é médico, ex-vereador e ex-provedor do Hospital de Cantagalo e atualmente é auditor da Unimed de Nova Friburgo

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Um Comentário

  • Oportuno e muito bom o seu artigo, amigo Júlio.

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